Em seus 78 anos de idade, Maringá cresceu vertiginosamente se tornando polo de uma região com comércio, setor agrário e prestação de serviços pungentes. Paulatinamente, a vida na cidade encareceu para seus moradores trabalhadores, os quais se deslocam para morar nas cidades vizinhas, mesmo trabalhando em Maringá.
Dominada
por uma elite empresarial com forte vinculo com família de políticos, a cidade
parece gostar da imagem de “cidade rica” e, muitas vezes, esconde sua própria
história forjada pelo trabalho de pessoas de vários locais que pra cá se
dirigiram em busca de uma vida melhor.
Um
exemplo, tem sido a construção de prédios na Vila Operária, a qual na
propaganda das construtoras é tratada como “Zona 03” como se o nome “Operária”
não pegasse bem para os edifícios de alto padrão. Vale lembrar que na
organização dos bairros no começo da cidade, a Vila Operária (Zona 03) como o
nome diz era destinada aos trabalhadores braçais enquanto a Zona 02 (até hoje
não entendi porque ela não tem um nome) era para profissionais liberais e Centro
(Zona 01) usada para o comércio, conforme narram vários livros e pesquisas que
contam a trajetória da cidade e suas gestões municipais.
Mas,
ao voltar para a atualidade, vê-se que esta nova gestão que completou 9 meses,
dominada, novamente, pelo grupo da família de políticos, possui como marca o controle
da cidade, só que desta vez, tem trazido
propostas inusitadas e polêmicas, pra não dizer outros adjetivos. Destacam-se: um Festival Medieval, o voucher
para uniforme escolar e o aumento de 30% do IPTU.
O
Festival Medieval chamou muita atenção. Representantes da Prefeitura foram a Portugal
(com dinheiro público) sob alegação de intercâmbio comercial com o país. Rapidamente,
a turma trouxe o projeto de um Festival Medieval, fizeram o lançamento do
evento com trajes típicos e imitaram uma festa da Idade Média. Onde e como
arrumaram os trajes, tão rapidamente, é uma incógnita. Mas, isso é detalhe. O
que importa é que um Festival Medieval não tem nada a ver com um local que foi
transformado em cidade em 1947, portanto, sem tradição alguma no período da
Idade Média. Fazer intercâmbio comercial é ótimo para todos os lados, no
entanto, a forma como tudo foi conduzido chegou a beirar o ridículo.
O
Voucher, por sua vez, mexeu com a estrutura escolar de forma abrupta, com a alegação
de atender os comerciantes da região, ao invés de abrir processo licitatório. Dessa
forma, a Prefeitura se livra do problema de aquisição dos uniformes e leva um
trabalho a mais para os pais que terão de colocar em sua rotina diária já tão
espremida, tempo para pesquisar e comprar uniforme. Certamente, com o tempo, o
recurso gasto pela prefeitura será superfaturado ou mal dimensionado diante do
mercado e não há garantia da qualidade apregoada.
E
na última proposta, tem-se o aumento absurdo do IPTU com alta de 30% para 2026.
Prefeito e vereadores aliados (as) aprovaram o projeto mesmo diante dos
protestos dos maringaenses, em uma Câmara Municipal com presença massiva dos cargos
comissionadas e tanto a Polícia Militar como a Guarda Municipal convocadas para
intimidar a população. Vários cálculos mostraram que o aumento é abusivo, mas
foi aprovado pelos vereadores, por 15 a 7.
Tudo
isso leva à reflexão: para quem a gestão municipal trabalha e quais os
interesses por trás das propostas apresentadas e aprovadas pelos vereadores? Talvez
nunca se saiba, entretanto, essas propostas não foram apresentadas na campanha
eleitoral, o que significa que eleitores e eleitoras foram enganados ao eleger candidatos
(Prefeitos e Vereadores) que apresentam projetos e votam contra os interesses
da população.
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