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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Festival Medieval, Voucher para uniforme escolar, Aumento de 30% de IPTU... a quem serve a gestão municipal de Maringá?

Em seus 78 anos de idade, Maringá cresceu vertiginosamente se tornando polo de uma região com comércio, setor agrário e prestação de serviços pungentes. Paulatinamente, a vida na cidade encareceu para seus moradores trabalhadores, os quais se deslocam para morar nas cidades vizinhas, mesmo trabalhando em Maringá.

Dominada por uma elite empresarial com forte vinculo com família de políticos, a cidade parece gostar da imagem de “cidade rica” e, muitas vezes, esconde sua própria história forjada pelo trabalho de pessoas de vários locais que pra cá se dirigiram em busca de uma vida melhor.

Um exemplo, tem sido a construção de prédios na Vila Operária, a qual na propaganda das construtoras é tratada como “Zona 03” como se o nome “Operária” não pegasse bem para os edifícios de alto padrão. Vale lembrar que na organização dos bairros no começo da cidade, a Vila Operária (Zona 03) como o nome diz era destinada aos trabalhadores braçais enquanto a Zona 02 (até hoje não entendi porque ela não tem um nome) era para profissionais liberais e Centro (Zona 01) usada para o comércio, conforme narram vários livros e pesquisas que contam a trajetória da cidade e suas gestões municipais.

Mas, ao voltar para a atualidade, vê-se que esta nova gestão que completou 9 meses, dominada, novamente, pelo grupo da família de políticos, possui como marca o controle  da cidade, só que desta vez, tem trazido propostas inusitadas e polêmicas, pra não dizer outros adjetivos.  Destacam-se: um Festival Medieval, o voucher para uniforme escolar e o aumento de 30% do IPTU.

O Festival Medieval chamou muita atenção. Representantes da Prefeitura foram a Portugal (com dinheiro público) sob alegação de intercâmbio comercial com o país. Rapidamente, a turma trouxe o projeto de um Festival Medieval, fizeram o lançamento do evento com trajes típicos e imitaram uma festa da Idade Média. Onde e como arrumaram os trajes, tão rapidamente, é uma incógnita. Mas, isso é detalhe. O que importa é que um Festival Medieval não tem nada a ver com um local que foi transformado em cidade em 1947, portanto, sem tradição alguma no período da Idade Média. Fazer intercâmbio comercial é ótimo para todos os lados, no entanto, a forma como tudo foi conduzido chegou a beirar o ridículo.

O Voucher, por sua vez, mexeu com a estrutura escolar de forma abrupta, com a alegação de atender os comerciantes da região, ao invés de abrir processo licitatório. Dessa forma, a Prefeitura se livra do problema de aquisição dos uniformes e leva um trabalho a mais para os pais que terão de colocar em sua rotina diária já tão espremida, tempo para pesquisar e comprar uniforme. Certamente, com o tempo, o recurso gasto pela prefeitura será superfaturado ou mal dimensionado diante do mercado e não há garantia da qualidade apregoada.

E na última proposta, tem-se o aumento absurdo do IPTU com alta de 30% para 2026. Prefeito e vereadores aliados (as) aprovaram o projeto mesmo diante dos protestos dos maringaenses, em uma Câmara Municipal com presença massiva dos cargos comissionadas e tanto a Polícia Militar como a Guarda Municipal convocadas para intimidar a população. Vários cálculos mostraram que o aumento é abusivo, mas foi aprovado pelos vereadores, por 15 a 7.

Tudo isso leva à reflexão: para quem a gestão municipal trabalha e quais os interesses por trás das propostas apresentadas e aprovadas pelos vereadores? Talvez nunca se saiba, entretanto, essas propostas não foram apresentadas na campanha eleitoral, o que significa que eleitores e eleitoras foram enganados ao eleger candidatos (Prefeitos e Vereadores) que apresentam projetos e votam contra os interesses da população.


Foto: Sessão da Câmara Municipal de Maringá, de 02/10/2025. Acervo da autora.

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