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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Brasileiros, comam brioches!

O desdém dos poderosos, recorrente na História da Humanidade é marcado por desaforos, festas, requintes de crueldade e toda sorte de zombaria da situação pelo qual a população passa.

A famosa frase atribuída a última rainha francesa ao ser comunicada que o povo não tinha pão para comer: “que comam brioches” foi se modernizando ao longo da história.

O último episódio protagonizado pelo governo brasileiro, com seu presidente e esposa, faz parte dessa zombaria. Numa situação de crise sanitária, econômica e política, o presidente eleito, ao invés de tratar com seriedade o período em que se encontra o país, prefere inaugurar um setor no palácio do governo, com roupas que ele e a esposa usaram em sua posse.

Imediatamente ao ler a notícia vem a comparação com o brioche para os pobres famintos de pão. No caso brasileiro, com quase 180 mil mortos pelo COVID 19, ver uma cena dessa chega a ser revoltante e assustador pois demonstra que a família que está no poder não se incomoda com a crise brasileira e nem com as famílias que choram seus mortos ou com a exaustão dos profissionais de saúde.

Certamente, a inauguração desse setor de extremo mau gosto que beira a cafonice, faz parte de algum planejamento do governo para contemplar seu eleitorado, com a tradicional distração para enganar os eleitores. Tanto apoiadores como opositores passam a discutir o assunto. Uns elogiando, outros criticando. De qualquer forma, o presidente continua a se manter na mídia, principalmente nas redes sociais, movimentando comentários e postagens.

Enquanto acontece essa distração governamental, o SUS vem sendo fatiado, nossas reservas florestais destruídas, a democracia nas universidades federais desmontada, os preços dos alimentos disparam, a inflação cresce a galope, não se tem programa desenvolvimento econômico e geração de renda...e, entre tanto descaso, não se tem um plano de vacinação contra o coronavírus.

E assim segue o Brasil, um gigante “acordado” nas manifestações de 2013 contra o aumento das passagens de ônibus, um gigante usado na falácia lavajatista da luta contra a corrupção, um gigante de verde amarelo que, hoje, chora seus mortos, mas finge que está tudo bem.

Um gigante que chora a nossa pátria mãe tão distraída, tão subtraída em tenebrosas transações como cantou o poeta referindo-se ao período da ditadura militar.  Mesmo com as tecnologias de informações e comunicação, “tem dias que a gente se sente” lá nos anos 1960.

Um gigante anestesiado que passa seus dias comendo o brioche adoçado por uma elite predadora que pra se manter no poder faz qualquer negócio, até aplaudir a insanidade, a crueldade e a irresponsabilidade do dirigente da nação.

Quem sabe de tanto comer brioche, o gigante percebendo que o brioche não satisfaz, resolva assumir sua parte como protagonista na própria história.

 

 Artigo publicado pela autora em 09/12/2020 na  Gazeta de Maringá 

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