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sexta-feira, 21 de julho de 2023

É preciso ir muito além do 22 de julho: dia estadual de combate ao feminicídio

No dia nove de março de 2015, entrou em vigor a lei do feminicídio (Lei 13.104/15), que trata do assassinato de mulheres por serem mulheres. A lei considera feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. Desde 2019, o dia 25 de novembro foi instituído como dia nacional de combate ao feminicídio fazendo coro a data que marca a luta internacional de combate à violência contra a mulher.

O Paraná, por sua vez, criou o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio (lei 19873/2019), a ser realizado anualmente em 22 de julho, como parte do Calendário Oficial de Eventos do Estado do Paraná.. Neste dia, a lei sancionada em 2019 prevê que o Poder Público pode promover debates, seminários e outros eventos relacionados, especialmente na rede estadual de ensino.

Entretanto, mesmo com tantas leis que envolvem ações desde processo criminal e punição  à promoção de conscientização, o que se vê na atualidade, é o aumento dos feminicídios cometidos, principalmente por uso de arma branca ou arma de fogo.

No primeiro semestre de 2023, os números são assustadores: ocorreram 862 tentativas de feminicídios e destas, 599 foram consumadas, ou seja 599 mulheres foram mortas por serem mulheres, no Brasil. 75% dos assassinatos foram dentro dos relacionamentos íntimos.

Com relação ao Estado do Paraná, os dados mostram que foram assassinadas 62 mulheres, colocando o Paraná em terceiro lugar no Brasil, atrás de Minas Gerais (90) e São Paulo (122) e em primeiro lugar dentre os estados do Sul do Brasil. Veja o quadro abaixo:

Feminicídios por Estado da Federação no primeiro semestre de 2023.

Fonte: https://sway.office.com/HfVKjP73D6B8z65m

Com uma rede de atendimento organizada e em funcionamento em alguns municípios com parcerias com movimentos de mulheres e conselhos dos direitos das mulheres, o Paraná poderia ter saído dessa triste estatística na qual se encontra faz décadas.

No dia 22 de julho, novamente, as paranaenses e os paranaenses vão às ruas para chamar a atenção da sociedade e cobrar das autoridades medidas efetivas para o combate à violência contra a mulher. É uma data simbólica que foi aprovada na Assembleia dos deputados e está sendo viabilizada pela Secretaria Estadual de Mulheres, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, com apoio das secretarias municipais.

Na sequência, teremos o  evento Agosto Lilás que traz o combate à violência contra a mulher (Lei Maria da Penha) e os 16 dias de ativismo pelo fim da violência (de 25 de novembro a 10 de dezembro) em mais um esforço unindo movimento feminista e setor público em ações para exterminar esse mal que acaba com a vida das meninas e mulheres, inclusive deixando crianças órfãs em decorrência do feminicídio.

Mas, apenas isso não resolve, faz-se necessário investimento sério por parte do Estado. Como resolver questões como o feminicídio e a violência contra a mulher:  se o estado com 399 municípios possui apenas 20 Delegacias da Mulher instaladas; se não existe orçamento suficiente para combater a violência contra a mulher; se não existe qualificação para servidores públicos no atendimento e acolhimento às vítimas de violência; se não é permitido falar sobre direitos e igualdade de gênero nas escolas, entre tantos outros “se”s...

Além das questões colocadas acima, falta a conscientização da sociedade de forma contundente para que tais crimes deixem de fazer parte das estatísticas que envergonham nosso país e nosso Estado do Paraná. Falta dizer aos homens e ensina-los que “não é não “ e que eles não são donos da alma, nem do corpo e nem dos bens das mulheres.

 

 

domingo, 16 de julho de 2023

Histórias que o futebol traz e entrelaça

A história por detrás dessa foto, na qual estão os ex-jogadores Luis Antonio e Ademir Chagas (conhecido como Indião) e o torcedor Sergio (apelidado de “Véinho”) revela fatos das vidas dos dois últimos com relação ao primeiro:   um jogador discípulo e um torcedor fã.

Ademir Chagas conta que atuava como juvenil do Grêmio Esportes de Maringá quando Luis Antonio (Luan para alguns) era jogador. Segundo ele, Luis dava dicas técnicas nas jogadas e ensinou, principalmente, postura como jogador. Postura que Luis aprendeu com o grande Técnico Tele Santana, quando jogou no Sub-20 da seleção Brasileira. Nesses momentos em que relembra fatos que tiveram apoio, Ademir se emociona. Apenas recentemente, ele ficou sabendo que Luis foi além de corrigir lances e postura,  tendo sido  indicado  por ele para o técnico lhe dar uma oportunidade no time principal. Além de jogar no Grêmio Maringá, Ademir fez sua carreira no Atlético Mineiro.

Por sua vez, Sergio, chamado carinhosamente de Véinho pelos amigos, apelido que ganhou, segundo ele, por ter ficado enrugado precocemente devido o trabalho no campo na infância e na juventude. Ele contou que, na adolescência via o Luis Antônio jogar e o admirava muito. Sempre quis conhece-lo, mas não teve oportunidade na época, pois o jogador encerrou sua carreira profissional em 1996. Em 2022, finalmente teve sua chance. Veio foi convidado para assistir um jogo do time Nacional de Rolândia junto com um amigo comum e dentro do carro, indo com eles, estava seu ídolo, Luis Antônio.  O adolescente, hoje, adulto, disse que ficou muito emocionado em estar ali e ter a oportunidade, não acreditando. O jogador não ficou sabendo na época dessa admiração. Provavelmente, Luis saberá da história, ao ler esse artigo.

Na atualidade, os três frequentam a mesma turma de futebol que se reúne pra jogar por lazer e se divertir. Ontem, essas histórias foram lembradas e se entrelaçaram, praticamente, 20 ou 30 anos depois, possibilitando que se tornassem amigos.

E, eu, que nunca fui muito ligada a futebol, apenas sendo torcedora da seleção brasileira, seja masculina ou feminina, tenho a oportunidade de escrever essa linda história que o futebol proporciona, entrelaçada na vida, como esposa do Luis Antônio e amiga do Indião e do Veiinho, além de ter sido a fotógrafa dessa foto histórica.


 Indião, Luis Antônio e Véinho, em visita a Escolinha de Futebol do Clube Operário de Maringá, 15/07/2023