A cada crime cometido contra mulheres, sinto um aperto imenso no peito. Estou, junto a muitas mulheres e alguns homens, na luta pelo fim da violência contra a mulher desde que comecei, na juventude, minha militância pelos direitos das mulheres.
Vimos
a aprovação da Constituição Brasileira que nos garante o direito de ir e vir,
exaltamos a criação das Delegacias da Mulher nos anos 1980, nos animamos com a
Lei Maria da Penha, homologada em 2006 (primeiro governo do Presidente Lula), divulgamos
o disque 180, valorizamos o rigor da Lei do Feminicídio de 2014 e tantas outras
leis de combate à violência contra a mulher.
Nos
entristecemos com um governo de 2018 a 2022 (do presidente inelegível e agora,
presidiário) que cortou, 90%, do orçamento de políticas públicas para o combate
à violência contra a mulher e exaltou a função submissa da mulher. Submissão
essa que se mostrou hipócrita, pois as mulheres do seu partido e aliados se
empoderaram pra candidaturas eleitorais e pelo orçamento do fundo partidário
destinado às candidaturas femininas.
Pensamos
e atuamos no combate à violência doméstica, dentro dos relacionamentos e na
violência que as mulheres sofrem pelo simples fato de serem mulheres.
Quando
nos deparamos com feminicídio como os cometidos contra mulheres a exemplo de Catarina,
refletimos sobre o papel da sociedade e do poder público na garantia dos
direitos de ir e vir das mulheres, que ao ter medo do simples ato de andar
sozinhas nas ruas à noite, demonstra, de forma nítida, que esse direito não
existe para as mulheres.
O
que Catarina, Bruna, Jujuba, Magó e tantas outras que encontram monstros em seu
caminho tinham em comum? São mulheres que fizeram valer seu direito à
liberdade, de escolhas, de ir e vir, de exercer seu trabalho.
Não
conheci pessoalmente nenhuma das quatro que cito no título. Acompanhei de perto
a dor da mãe e do pai da Magó, em Maringá. Eu os conhecia por trabalharmos
juntos na UEM (Universidade Estadual de Maringá) e por ter sido aluna de
sapateado da mãe, Daisa. Nos aproximamos na dor de uma mãe com uma perda que
não tem nome nem reparação e que transformou sua dor em luta para que outras
famílias não passem por este sofrimento.
Não
conheço os caminhos pelos quais as quatro mulheres andaram no dia de suas mortes,
com exceção do trajeto feito por Catarina, na Praia do Matadeiro, em Florianópolis.
Talvez por conhecer o trajeto e ter caminhado por lá, no meu tempo de doutorado
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), com amigas e amigos e com minhas
filhas, fiquei imaginando Catarina caminhando tranquilamente, como devia fazer
sempre. É um local lindo de ver, por onde se chega andando em uma ponte de pedestres,
por cima de um rio.
Sei,
pelas informações via imprensa, que Magó caminhava na trilha para uma
cachoeira, Jujuba dormia em uma rede na hospedagem que estava, Bruna resolveu
ir a pé pra casa e Catarina ia para uma aula de natação. Ações cotidianas que
qualquer uma de nós faz, sem imaginar que esse trajeto ou esse sono possa ser
interrompido por ataques, estupros ou mortes.
É
com muita tristeza que penso no trajeto interrompido e na vida ceifada das mulheres, pelo fato de
serem mulheres.
Diante
de tudo isso, este 25 de novembro que é o dia internacional pelo fim da
violência contra a mulher, precisa ser comentado, tratado, divulgado, mas que o
combate à violência aconteça todos os
dias do ano todo, para que mulheres e meninas tenham o direito de ir e vir e
viver num mundo sem violência.
Por
Catarina, Bruna, Jujuba, Magó e tantas outras!!!

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