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quinta-feira, 13 de maio de 2021

O Charly Flow brasileiro

Tem uma novela colombiana chamada "A Rainha sou eu" que passou faz alguns anos em que o enredo principal é de uma compositora que foi presa injustamente por tráfico de drogas, devido a armação do namorado que colocou droga na mala dela. Dezoito anos depois, ela volta pra se vingar dele que se tornou um cantor famoso, inclusive tendo roubado suas músicas. Ele canta, mas não compõe e sua carreira teve problemas por isso, então ele se especializou em tomar para si composições de outros, até de supostos amigos, ou seja, ele é uma fraude. Ele também frauda sua empresa para lavagem de dinheiro obtido ilegalmente. Além disso, ele cometera um crime de assassinato na juventude e voltou a cometer crimes na vida adulta. Resumindo, o cantor é um criminoso que se safa pelos contatos que tem e pelas falcatruas e assassinatos que comete.

Para se manter, ele conta com um fã-clube formado por meninas apaixonadas por ele, que fazem de tudo pra protege-lo e o acompanham em suas declarações públicas. No particular, ele controla a presidente do fã-clube com elogios e afagos, ao mesmo tempo que a induz a fazer coisas pra ele, como perseguir a compositora, dar entrevistas defendendo-o, entre outros. A presidente do fã clube, jovem e apaixonada pelo cantor e sua carreira, ainda não se deu conta de que é manipulada por ele.

É uma obra de ficção e como tal, ao final, a legenda afirma isso e considera que qualquer semelhança é mera coincidência. Isso remete a frase: Nunca se sabe se a arte imita a vida ou a vida imita a arte...

Ontem lendo notícias, Brasil afora, vi as reportagens tratando da CPI da Covid e da troca de xingamentos entre um dos filhos do presidente e o relator da CPI, vi também pesquisas colocando o presidente Lula disparando em primeiro lugar, vi o cercadinho do presidente com seus fã e chamadas nas redes sociais para protege-lo de um possível impeachment, diante dos 106 pedidos protocolados.

Sem querer, o cercadinho do presidente, nas suas saídas, com as pessoas gritando o nome dele, me lembrou instantaneamente o cantor Charly Flow e suas fãs. Por mais que existam provas, indícios, gravações e depoimentos, tanto na ficção como aqui na realidade, os fãs do presidente continuam acreditando nele em quase tudo. Quase tudo, afinal, mesmo “apaixonados pelo presidente”, muitos sabem que estamos numa pandemia por uma doença que mata e, assim, muitos fãs ignoraram o boicote do presidente à pandemia, se cuidam e tomam vacina.

Aos poucos, na ficção, o cantor foi perdendo suas fãs, outras esperam as provas e outras continuam defendendo cegamente como a presidente do fã-clube, afinal essa função lhe dá poder e a torna uma espécie de celebridade. Se não acreditar mais nele, o que será dela, sem poder e sem função, tendo passado tanto tempo fiel. Isso, também, faz parte da manipulação que ele faz com o emocional dela.

Enfim, a novela é uma obra de ficção. Mas, a situação brasileira marcada por catástrofe sanitária, econômica e política dominada por políticos inescrupulosos com apoio de determinados religiosos, infelizmente, não é ficção.

Alguns elementos começam a aparecer no cenário da realidade brasileira. Primeiro foram as famosas “rachadinhas” na assembleia legislativa do Rio de Janeiro, termo usado para minimizar a corrupção existente na família do presidente, gravações e depoimentos; troca de delegados; assassinato da vereadora Marielle Franco, entre tantas suspeições que pairam no ar.

Agora surgem mais novidades. Em seu início, a CPI da Covid já desvelou o boicote governamental na compra de vacinas. Além do boicote às medidas sanitárias, notícias revelam a existência de superfaturamento de tratores para desvio de verbas para compra de deputados do chamado centrão, ou seja, deputados que não tem ideologia e, em troca de verbas e pra se manterem no poder, apoiam o que o presidente quiser. Os nomes “tratorão” e “bolsolão” começam a ser usados, o que se sabe de concreto, é que o valor é muito maior do que o daquele mensalão que abalou a sociedade brasileira, na década passada.

As evidências vão surgindo, o fã-clube presidencial, aos poucos, vai se desintegrando.

Sempre vale lembrar a famosa frase atribuída ao protestante francês Jacques Abbadie, adaptada pelo presidente norte-americano Abraham Lincoln:

“Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”.

 


 

 

 

 

3 comentários:

  1. Muito bom artigo Tania! É muito vergonhoso ter esse genocida fanfarrão, asqueroso, racista, misógino, machista e homofóbico como presidente do Brasil! É muito angustiante.

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  2. Um dia essa máscara toda cairá. Infelizmente, muitos (as) se identificaram com ele. Mas, "Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”.

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  3. E isso me fez lembrar outra novela.Vale Tudo da rede Globo onde o personagem de Reginaldo Faria dá uma banana ao Brasil e foge de avião. Será que irão deixar isso acontecer de novo? Isso tudo ao som da música Brasil mostra tua cara.

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