O incêndio do Museu Nacional,
no Rio de Janeiro, me lembrou a minha
trajetória com relação aos Museus. Frequentadora
de museus por todos os locais que visito, sempre tive a percepção de que museus
nos mostram o passado para que possamos nos compreender enquanto povo. Aprendemos
com os museus a valorizar o presente e a construir o futuro, eles nos entretem
e ao mesmo tempo nos educam.
Nos início dos anos
1990, após anos ministrando a disciplina de Introdução à Ciência da Computação
na UEM, para cujas aulas eu levava sempre material e fotos, no item do programa
História e Evolução dos Computadores, para mostrar aos alunos como eram os
equipamentos, sua capacidade e o período em que foram utilizados.
Depois de um tempo, me
ocorreu que poderia colocar esse material num local e levar os alunos de
Ciência da Computação e Informática para este local. Comecei a reunir os
materiais, fotos etc e surgiu a idéia de criar um Museu. Fiz pesquisas a
respeito, elaborei um projeto permanente de ensino e assim criamos o Museu do
Computador da UEM, em 1996. O Museu atualmente está com acervo armazenado no
Bloco C56-sala 21, no prédio do Departamento de Informática e pode ser visitado
on line no site www.din.uem.br/museu
Na época, recebemos
muitas doações de equipamentos, me lembro de um em especial, em que o contador
nos cedeu o seu primeiro computador usado no escritório de contabilidade.
Depois recolhemos peças do equipamento usado na UEM, O IBM. Não deu tempo de
resgatar o equipamento todo. Fomos assim, colecionando peças como computadores
usados nos anos 1980, impressoras, scanners, mouses e graças a um professor da
área de hardware que nos auxiliou, organizamos, também, uma exposição de placas
mãe e processadores. Organizamos, também, uma exposição de fotos advindas de acervo
geral da UEM (antigo NURAV com a gentileza do fotografo Antonio Carlos
Locatelli) e imagens fotografadas antes do desmanche do IBM.
Tempos depois, com a
organização do acervo e o interesse dos alunos, tivemos a idéia de realizar
exposição do Museu da UEM, no qual o acervo ficou armazenado por muitos anos.
As exposições eram realizadas anualmente e chegaram a alcançar 3000 alunos das
regiões Norte e Noroeste do Paraná e despertou o interesse da imprensa falada e
escrita.
Muitos professores,
inclusive, diziam que era bobagem guardar “tantas velharias” que seria mais
interessante tratar de novas tecnologias. Fizemos as duas ações com o Museu.
Infelizmente, anos
depois, o Museu da Bacia do Paraná precisou de espaço e nosso acervo ficou
armazenado no Bloco 13, antes de mudar para o Bloco C 56. Fizemos solicitações
para que o Museu do Computador permanecesse ali no Bloco 13, com porta aberta
para a passarela central e amplo acesso
ao público, mas perdemos o espaço pela necessidade geral de outros cursos.
Uma atividade como o
Museu do Computador da UEM não pontua na vida acadêmica e, portanto, os
professores e alunos que se envolvem, o
fazem por gostar da atividade. Como resultados de produção, tivermos artigos e
apresentação em Forum de Ensino e Extensão, ao tratar o Museu do Computador
como recurso didático para a história e evolução dos computadores. Inclusive, aluno
obteve bolsa de ensino, irrisória, mas uma avanço para a época. Fomos, também,
citados em artigos de outras universidades. Tivemos uma parceria com o MUD
(Museu Interdisciplinar da UEM), no qual colocamos algumas peças do acervo em
local emprestado para o Museu do Computador.
Com um dos bolsistas
fizemos a etapa de colocar o nosso Museu do Computador na Internet, para o qual
fotografamos as peças do acervo e fizemos um catalogo de cada uma, que pode ser
visto no site citado anteriormente www.din.uem.br/museu
Como era projeto de
ensino, todo ano apresentávamos relatórios. Organizamos um mural de fotos e
colocamos algumas pelas do acervo do Museu do Computador no corredor do térreo
do Departamento de Informática.
Quando me aposentei
como professora da UEM, uma das atividades que me deixou comovida foi deixar o
Museu do Computador da UEM, mesmo sabendo que os professores que assumem, o
fazem por gostar da atividade.
Escrevo pois fiquei
comovida em deixar um museu simples como o Museu do Computador, de acervo
regional e local. Agora, fico imaginando a dor das pessoas que atuam na
grandiosidade do Museu Nacional, suas perdas irrecuperáveis, seus 200 anos de
História, seu acervo inigualável...Uma tragédia para o país e para a vida das
pessoas que se dedicam a essa relevante atividade de cuidar e organizar nossos
museus.
Uma tragédia que
poderia ter sido evitada...
Acervo do Museu do Computador da UEM, fotos do site: www.din.uem.br/museu
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