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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Democracia, sempre!

 O comentarista da GloboNews, Fernando Gabeira fez uma análise sobre o que levou as pessoas a se empoderarem para invadir e atacar os três poderes no dia 08 de janeiro. Para ele, o medo de perder os bens materiais pelo fantasma do suposto comunismo e o sentimento de pertencer a algo maior na defesa da pátria são as molas propulsoras da invasão.

Certamente esses dois fatores prevalecem no espírito de algumas das pessoas que defendem o ex-presidente, no entanto, após as investigações descobriu-se que ali estavam pessoas que eram criminosas e que recebiam para se manter nos acampamentos defronte os Tiros de Guerra, financiados por empresários. Uma pessoa imbuída de espírito patriótico, obviamente não iria destruir relíquias nem obras de artistas brasileiros pois saberia dar valor a estas e seria movida por ufanismo.

De toda maneira, causou  revolta ver o patrimônio público brasileiro ser destruído por uma horda raivosa que, ao invés de fazer manifestação ordeira, partiu para a destruição, com anuência de certos políticos e de parte da polícia do Distrito Federal, conforme vem sendo comprovado.

 As cenas divulgadas pelos veículos de comunicação são assustadoras. Os dizeres “Ordem e progresso” que estão gravados nas bandeiras que os baderneiros levavam consigo não combinam com a barbárie impetrada pelos golpistas, como foram sabiamente nominados.

Felizmente, não houve feridos e a justiça agiu de forma rápida evitando desastres maiores tanto do ponto de vista físico (pessoal e material) como político.

A democracia, enfim, foi salva e a segurança restabelecida. Todavia, fica a lição para que não se descuide e haja vigilância constante para a garantia da democracia, um valor tão caro para o povo brasileiro, conquistado a duras penas e para a qual muitas pessoas deram suas vidas.

Democracia, sempre!!!

                 Foto: https://www.tnh1.com.br/noticia/nid/veja-imagens-do-stf-apos-a-invasao-de-manifestantes/


segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Feminismo: a Marcha Mundial das Mulheres presente no Estado do Paraná

A história da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) começou a partir de uma manifestação realizada em 1995, em Quebec, no Canadá, quando 850 mulheres marcharam 200 quilômetros, pedindo, simbolicamente, “Pão e Rosas”. Após a marcha, as reivindicações das mulheres foram atendidas, entre elas: o aumento do salário mínimo, mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia solidária.

A partir daí, as mulheres do Quebec contataram organizações em vários países, para compartilhar essa experiência e apresentar a proposta de criar uma campanha global de mulheres.

No Brasil, o primeiro contato foi com as mulheres da Central Única das Trabalhadoras e Trabalhadores (CUT), por meio da secretaria da mulher trabalhadora, quando foram realizadas reuniões para definir as representantes brasileiras para o primeiro encontro internacional da MMM, que aconteceu em 1998, em Quebec. O encontro envolveu a participação de 145 mulheres de 65 países e territórios e foi elaborada uma plataforma com reivindicações para a eliminação da pobreza e da violência contra as mulheres.  A partir daí, foi convocada a Marcha Mundial das Mulheres como uma grande campanha a ser desenvolvida ao longo do ano 2000.

Assim, o movimento da MMM se tornou internacional, com mais de 150 países envolvidos, estabelecendo como campos de ação da MMM: autonomia econômica das mulheres, bens comuns e serviços públicos, paz e desmilitarização e fim da violência contra as mulheres.

No Brasil, no ano 2000 foram realizadas atividades nos estados, tendo como grande movimento nacional a realização da Marcha das Margaridas, proposta pelas mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em homenagem a sindicalista rural Margarida Alves assassinada brutalmente na porta de sua casa. Para 2023, também está prevista a Marcha das Margaridas, no mês de agosto.

Desde 2000, a MMM realiza, também, atividades do dia internacional da mulher, 08 de março, de forma organizada em vários países. De lá pra cá, a MMM esteve presente em grandes momentos internacionais defendendo ações por autonomia das mulheres, fim da violência contra a mulheres e apoiando as peculiaridades de cada território.

Mulheres e entidades do Paraná também fazem parte da MMM. Representantes de várias cidades, num total de 110 mulheres, estiveram reunidas nos dias 20 a 22 de janeiro de 2023, em Curitiba, para tratar do planejamento das ações e as atividades do 08 de março. Além de diversas atividades, as presentes discutiram a conjuntura nacional e estadual e o papel das mulheres na democracia.

O que chama a atenção na MMM é a união de mulheres de diferentes agrupamentos e regiões, com a diversidade de cada território, no campo, nas cidades, nas florestas, rios e mares.

Neste contexto, com o lema “Seguiremos em marcha, até que todas sejamos livres”, a MMM fortalece a luta pelos direitos das mulheres, com pautas feministas que valorizam a vida, em cada canto do planeta.




 

Fotos: Plenária estadual da Marcha Mundial das Mulheres, de 20 a 22 de janeiro, em Curitiba-PR,

domingo, 15 de janeiro de 2023

O desrespeito às mulheres paranaenses pelo governador Ratinho Jr

Atuo no movimento de mulheres desde a minha vida estudantil, fui uma das fundadoras e primeira presidente do Fórum Maringaense de Mulheres e da Ong Maria do Ingá Direitos da Mulher, atuei como presidente do Conselho Municipal da Mulher de Maringá por duas gestões (2004-2006 e 207-2019) e fui conselheira no Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres. Atualmente, faço parte como voluntária, da coordenação de imprensa da Ong Maria do Ingá,  coordeno o Grupo de Trabalho Igualdade do Movimento ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) Maringá que engloba o ODS 5 – Igualdade de Gênero e ODS 10 – Redução das desigualdades e participo da Marcha Mundial das Mulheres.

 Nesta trajetória, certamente, presenciei muitas coisas absurdas, mas havia uma sensação de consolidar as conquistas femininas, principalmente no estabelecimento de políticas públicas. Sensação destruída de forma concreta a partir do golpe de 2016 que tirou do governo a Presidente Dilma, única mulher no poder maior do país desde sua criação. De lá pra cá as políticas públicas para mulheres foram sendo destruídas, não se realizaram as conferências nacionais e houve corte federal no orçamento de combate à violência contra a mulher. Vale destacar que o primeiro governo após a saída da Presidente Dilma era composto de um ministério de homens brancos, ricos e autodeclarados héteros.

Aqui no Estado do Paraná, famoso por seu conservadorismo, somos cenário de algumas situações alarmantes como figurar entre os estados mais violentos com as mulheres, com aumento de feminicídio e poucas mulheres nos espaços de poder seja na política ou nas empresas privadas, um Estado sem infraestrutura para atender os casos de violência contra a mulher com apenas 20 delegacias da mulher (DM) para seus 399 municípios. Muitas das DMs  com homens delegados na titularidade, a despeito da reivindicação dos movimentos de mulheres para que seja uma delegada.  Um destaque para Sarandi, cidade com mais de 100 mil habitantes, altos índices de violência contra a mulher e sem uma DM especializada para atender a população feminina. É assim que se vê, na prática, a lógica machista e misógina como balizadora das decisões governamentais.

Isso se mostra, fortemente, no decreto do governador Ratinho Jr ao nomear um homem branco para a recém criada Secretaria da mulher e da Igualdade Racial, num desrespeito cabal aos movimentos de mulheres e da comunidade negra do Estado do Paraná.

O governador, então candidato à reeleição, participou de uma reunião com mais de 2000 mulheres em Maringá, quando assumiu o compromisso de criar a Secretaria da Mulher ao ser cobrado pelas presentes. A reunião não estava na agenda do candidato, mas entrou de última hora como oportunidade, provavelmente, pela análise do tamanho expressivo do público. Também houve mobilização do Movimento Mais Mulher no Poder Paraná, o qual congrega mulheres de diferentes partidos políticos, com solicitação da criação da secretaria estadual da mulher, do aumento do orçamento de combate à violência contra a mulher e de 50% dos cargos no executivo ocupado por mulheres.

A criação da Secretaria Estadual de Mulheres, pleiteada pelos movimentos sociais por décadas, finalmente, é criada. No entanto, no dia 12 de janeiro, as paranaenses são surpreendidas com a nomeação, interina, de um homem branco como titular da Secretaria. De acordo com informação dada pelo governo, a nomeação é momentânea até que seja nomeada uma mulher.

Não interessa se é momentâneo, esporádico ou outra coisa, o que importa é o desrespeito às mulheres, como no caso das DMs em que se alega que não existem delegadas; em cidades com alto índice de violência não são criadas DMs, entre outras coisas que mostram que as políticas públicas para mulheres só importam em período eleitoral, depois são descartadas ou maquiadas, com a justificativa de que “não tem mulher para assumir ou não tem orçamento para realizar” entre tantas desculpas que se ouve.

Assim, a nomeação de um homem branco para uma secretaria da mulher e da igualdade racial, além do machismo gritante, apenas consolida o que se sabe: as paranaenses são valorizadas apenas na campanha eleitoral por serem 52% do eleitorado e aí, sim, podem fazer toda a diferença na escolha das candidaturas.

Então, paranaenses, comecem a prestar atenção nas candidaturas, na história e parem de eleger pessoas que votam contra nós e desrespeitam nossa trajetória na construção do Estado do Paraná, afinal somos mais de 50%  e, também somos força produtiva e política. Valorizemos nossa trajetória e nosso legado.

OBS: "Eu não aceito um delegado da mulher! É meu direito!"

http://www.taniatait.com.br/2021/06/eu-nao-aceito-um-delegado-da-mulher-e.html