No dia 16 de dezembro, em
reunião com representantes do Movimento Mais Mulheres no Poder (MMNP) de
Maringá, o prefeito municipal Ulisses Maia, reeleito, propôs as mulheres que indicassem
a próxima Secretária de Políticas Públicas para Mulheres.
A partir daí, desencadeou-se
uma série de discussões a respeito. Tecerei duas considerações: o procedimento
adotado pelo MMNP e a postura de alguns homens.
Tenho a maior
consideração pelo MMNP, sempre divulguei nas redes sociais, inclusive
participei de live quando fui pré-candidata a vice-prefeita. Acredito que o MMNP
atingiu seu objetivo ao trazer de volta para a Câmara Municipal de Maringá,
duas mulheres, sendo uma delas, uma das formadoras do MMNP em Maringá.
Após a proposição do prefeito, as integrantes do MMNP
que fazem parte do Forum Maringaense de Mulheres (FMM), levaram ao mesmo a
discussão para colher propostas de critérios para escolha da indicada.
O FMM indicou os
critérios que foram levados ao MMNP. No entanto, o FMM foi surpreendido,
conforme a nota divulgada (Nota FMM),
com a inclusão do critério criado pelo MMNP de que a indicada deve ter sido
candidata em 2020 e faça parte do MMNP.
Ou seja, o MMNP fechou em
si mesmo a indicação, desconsiderando que existem muitas mulheres atuantes em
políticas públicas para mulheres em Maringá, com vivência e conhecimento na
área de direitos da mulher.
Ao fechar em si mesmo, o
MMNP, mesmo sendo reconhecido como legítimo, começou a sofrer ataques pela
forma como estabeleceu o processo, com auto-indicação de candidatas que se
sentem preparadas para o cargo. Inclusive, integrantes do MMNP e candidatas receberam ataques nominais.
Volto a reiterar que discordo da forma como o MMNP se fechou na eleição da próxima secretária da
mulher, mas reconheço o alcance dos objetivos e valorizo todo movimento em
defesa dos direitos da mulher.
O outro ponto que chamou a atenção foi a postura de alguns homens de diversos setores, palpitando nas decisões das mulheres e nas candidatas, defendendo
algumas ou depreciando outras.
Claro, estamos numa
democracia e todas as pessoas tem direito a expor sua opinião. No entanto,
aprendi no movimento social que existe um paradigma chamado “lugar de fala”,
que de forma bem simples e didática, seria “não vamos falar do que não
conhecemos”. Se a indicação foi dada as
mulheres, é a voz das mulheres que deve ser ouvida.
Me parece que o famigerado
poder dos homens sobre as mulheres, é que, até inconscientemente, os leva a
palpitar e a conjecturar sobre discussões travadas pelas mulheres. Ou talvez queiram
palpitar mesmo e, como sempre, desejam influenciar as mulheres. Seja o que for,
não é o lugar da fala masculina nesse caso.
E da mesma forma, que
respeitamos os movimentos, mesmo que discordemos deles, devemos aprender a
respeitar as decisões das mulheres, mesmo que não sejamos contempladas(os) por elas.
Democracia e participação
política nunca são fáceis e exigem muito de cada um de nós. O que deve
prevalecer sempre é o respeito. Da mesma forma, que nós, integrantes do
movimento feminista e do movimento de mulheres em geral, iremos respeitar sempre a eleição do MMNP para indicar a
nova secretária, mesmo que discordemos do processo e da candidata que,
porventura, seja eleita.