Para compartilhar idéias!







quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Comentários no mundo digital: a instantaneidade, os robôs de software e o ódio

A participação da população sempre ocorreu nos meios de comunicação, seja no jornal impresso, rádio ou televisão. O envio de cartas aos meios de comunicação e a participação nos programas de rádio fazem parte da tradição do relacionamento destes meios com a população.

O relacionamento, no entanto, sempre foi monitorado e comandado pelo gerenciamento do meio de comunicação que possui o controle sobre as mensagens recebidas para divulga-las ou não.

Esse mecanismo chega ao jornalismo web e as redes sociais digitais da mesma forma. Tanto os meios de comunicação como os produtores de conteúdo individuais nas redes digitais podem excluir ou manter comentários. Muitas vezes, pela rapidez da comunicação, não dá tempo de excluir comentários abusivos antes que alguém os tenha lido.

Além dos meios de comunicação oficiais, o mundo virtual nos traz a figura do/a produtor/a de conteúdo, ou seja, aquela pessoa que escreve suas observações ou ideias e posta na rede social digital de sua preferência. Essa produção de conteúdo também se sujeita aos comentários que podem ser realizados.

Assim, no mundo digital são expoentes três tipos de situações inéditas que eram tímidas nas antigas formas da participação popular nos meios de comunicação: a instantaneidade, o uso de robôs de software e o destilamento de ódio pelo ódio. Essas três situações surgem, também, nas postagens da produção de conteúdo individual nas redes digitais.

A instantaneidade propicia que os comentários sejam realizados no momento que a notícia ou a postagem individual seja veiculada. As pessoas em seus comentários não se incomodam se estão ofendendo ou depreciando alguém nem a forma como estão escrevendo. Essas pessoas se sentem empoderadas pelo mundo digital pela oportunidade de estarem presentes e terem voz no momento exato da publicação, como se ela fizesse parte daquele processo de comunicação. E, realmente, ela faz parte daquele processo de comunicação, como integrante da relação emissor, mensagem e receptor.

O segundo elemento são os robôs de software, nome dado aos perfis falsos que reproduzem informações, as vezes compartilhadas até com erros de escrita ou trocas de letras. O que se vê nesses robôs é a mesma forma de reprodução das informações, sem reflexão, sem conteúdo. Os robôs apenas colocam afirmações ou criticas de forma limitada mas, de fácil compreensão para quem reproduz ou lê. Não é à toa que nas redes sociais criou-se a expressão “textão” de forma pejorativa referindo-se a textos maiores e que trazem alguma reflexão. A negação do texto mais completo que leva a reflexão faz parte de uma estratégia de emburrecimento e de massificação de ideias que sustentem a versão oficial, seja do meio de comunicação, da plataforma digital ou de governos.

O ódio pelo ódio, como parte da terceira situação encontrada nas redes digitais torna-se, também, uma estratégia para a não reflexão sobre a situação em que se está noticiando ou comentando. No destilamento do ódio, as pessoas exalam o que tem de mais ruim em seu interior, sem pudor algum. Ao olhar mais a fundo, percebe-se que esse ódio também faz parte de uma estratégia de poder na qual não se pode analisar determinada situação sem relacionar com fatos ou personalidades que nada tem a ver com aquela situação. O ódio, portanto, serve para distrair as pessoas dos fatos reais.

Muitas pessoas não gostam de ler os comentários pois se sentem mal. No entanto, os comentários nos fazem conhecer a realidade, seja feito por robô ou seres humanos, a verdade da perversidade humana se desvenda aos nossos olhos. Mesmo porque, por trás de um robô de software existe um ser humano que faz parte de um projeto de poder para exalar o ódio e “cegar” as pessoas para uma avaliação mais concreta dos fatos.

Ao expor suas ideias nas redes sociais, a pessoa está exposta também a uma série de comentários que são desanimadores e, realmente, esse é o intuito: minar as pessoas que pensam de forma diferente.

No caso dos meios de comunicação, a postagens de notícias também geram comentários ofensivos. Os comentários ofendem o meio de comunicação de todas as formas possíveis, no entanto, indaga-se se essas pessoas são mesmo leitoras ou será que agrupamentos fazem combinação para atacar? Eis aí mais um ponto a ser tratado sobre as redes sociais digitais.

Certamente, cientistas das áreas de humanas estão se debruçando sobre as redes sociais digitais e sua influência em nossa sociedade para medir o alcance da instantaneidade, dos robôs de software e do destilamento do ódio, entre outros elementos que marcam as redes.

Cabe a nós, entretanto, conhecer bem as tecnologias fazendo uso delas da melhor forma possível, com a garantia da liberdade de expressão combinada com o respeito às diferenças, em todos os campos de atuação.

 Artigo da autora Tania Tait publicado originalmente em 22/09/2020 na  Gazeta de Maringá 

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Uma análise da situação do futebol no Brasil

 Hoje vamos publicar o artigo do ex-jogador profissional Luis Antonio Rocha que faz uma análise do futebol brasileiro.

Uma análise da situação do futebol no Brasil

O Brasil é marcado pela paixão ao futebol. Todo torcedor brasileiro ou brasileira se sente um técnico, dá opinião, critica, sofre, enfim se sente ligado ao futebol.

No entanto, o futebol que tanto encanta, traz uma série de problemas. Quatro desses problemas chamam muito a atenção: a falta do futebol arte; o descaso do jogador pela seleção brasileira; a violência das torcidas organizadas e a falta de comprometimento da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

O primeiro é visto em qualquer jogo de futebol desde a Divisão D até a Divisão A, quando se verifica a falta de prazer do jogador em realizar jogadas. Parece que os jogadores cumprem um papel, muitas vezes, aprendido nos treinos coletivos e não nos treinos individuais que aperfeiçoam as jogadas. O surgimento de alguns “empresário de jogador”, os quais visam lucro acima de tudo, na maioria das vezes, também causa impacto na vida profissional dos jogadores. Uma exceção ainda pode ser vista no futebol feminino que mostra a energia e a garra das jogadoras na busca de um futebol de qualidade. Claro que não podemos generalizar, pois ainda temos empresários e jogadores que pensam no valor do futebol e não apenas em dinheiro.

O descaso do jogador com a seleção brasileira é gritante e triste. Nunca imaginei que um jogador declinaria da convocação na seleção brasileira, como aconteceu nas últimas copas do mundo. Tive a alegria de ser convocado para o Sub-20 da seleção brasileira em 1980 e afirmo que não existe alegria maior do que ouvir o Hino Nacional usando a famosa camisa amarelinha. Fiz parte de uma geração que valorizava e mostrava toda sua garra, perdendo ou ganhando, o importante era representar bem o Brasil. Nos parece que o que manda mesmo no futebol de hoje são os milhões de dólares ou euros para jogadores e seus empresários.

A violência das torcidas organizadas assusta e afasta o público dos jogos. A atuação dessas torcidas violentas inibe a participação dos apaixonados por futebol irem aos estádios com suas famílias. Mesmo agora, na pandemia pelo coronavírus quando os jogos se encontram sem torcida, certas  torcidas  organizadas fazem uso da força, atacam jogadores, invadem estágios e centros de treinamentos, entre tantos atos de violência. É incompreensível que a CBF não tome atitudes firmes com relação às torcidas organizadas violentas.

Ao tratar da CBF, as críticas são muitas pois o papel esperado da entidade era de fortalecimento do futebol brasileiro, de garantir o prestígio da seleção brasileira tanto da masculina como da feminina e de cuidar para que o futebol não abrigasse torcidas violentas. O que temos visto é uma CBF preocupada apenas com a manutenção de poder.

Citei esses quatro problemas pois vejo que a solução para estes, poderia melhorar muito o futebol brasileiro, nos daria a alegria de gritar gol e erguer a taça novamente. Mas, não se pode esquecer de outros problemas que afetam o futebol tais como o racismo, machismo e a homofobia, reflexos da sociedade brasileira. Esse tema é assunto pra outro artigo.


*Ex-jogador de futebol profissional, foi jogador no SUB-20 da Seleção Brasileira, atuou como técnico em times de base, Graduado em Gestão Pública, Pós-graduado em Administração Pública e pós-graduando em Gestão de Projetos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Por que “mais mulheres na política” incomoda tanto?

 

As mulheres são maioria da população e, em algumas cidades como Maringá, são 52% e 54 % dentre a população eleitora. As mulheres são chefes de família e estão com mais grau de escolaridade do que os homens.

Paradoxalmente a isso, mulheres ainda recebem os menores salários do que homens no exercício da mesma função; são apenas 10% na política; são as que mais sofrem estupros e agressões. Os índices de feminicídio também colocam o Brasil numa posição vergonha no mundo. Mulheres negras e indígenas ainda padecem de mais discriminação e são as mais atingidas em seus direitos.

Neste momento específico que é o processo eleitoral, toda essa discriminação contra a mulher vem à tona.

As mulheres são chamadas a participar como candidatas. No entanto, uma série de problemas surgem para as mulheres candidatas tanto dentro dos partidos políticos como na sociedade em geral.

Destacam-se dentre os problemas: muitos partidos colocam as mulheres como candidatas fictícias (as famosas laranjas) apenas para cumprir o requisito eleitoral; partidos não dão visibilidade para as candidatas; restringem orçamento e participação nos espaços de divulgação. Em alguns casos, os partidos tentam cercear o direito das mulheres serem candidatas.  

A sociedade de modo geral, por outro lado, não valoriza a participação da mulher na política e faz coro ao machismo, depreciando a atuação das candidatas e das mulheres eleitas. Não são raros os exemplos de agressões sexistas e misóginas com relação as mulheres que atuam na política.

Mas, as mulheres estão se organizando para mudar essa situação lamentável da ausência da mulher na política. Além das chamadas realizadas ao longo dos anos pelo Tribunal Superior Eleitoral incentivando as mulheres a serem candidatas, neste ano de 2020 surgem vários movimentos por Mais Mulheres no Poder.

O movimento busca unir as candidatas, independente do partido político, incentivando as candidaturas, mas, também, preparando as mulheres para a disputa eleitoral.

Os movimentos em defesa da atuação das mulheres na política e nos espaços de poder sabem que as mulheres estão em todas as áreas, acompanham os filhos e filhas na escola; levam a família, inclusive idosos para cuidados na área de saúde; movimentam o comércio local e do centro das cidades; circulam nos espaços de lazer e cultura da cidade; entre tantas atividades. Portanto, as mulheres conhecem a realidade, os problemas e tem condições de propor soluções para melhorar a vida de todos e todas.

As mulheres reúnem todas as condições para ter uma atuação forte e decisiva na política. Afinal, a frase atribuída a Michele Bachelet (ex-presidenta do Chile): “Quando uma mulher entra na política, muda a mulher. Quando muitas mulheres entram na política, muda a política” afirma com convicção a importância das mulheres atuarem na política para fazer a diferença e melhorar a vida das pessoas, com qualidade e dignidade.

                                Foto: Convenção Municipal do PT de Maringá, 13/09/2020

 Então, fica a pergunta, se as  mulheres reúnem todas as condições para exercer o papel da política com maestria, por que "mais mulheres na política" incomoda tanto?  


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Regional

 

Parque Alfredo Nyfler, em Maringá. Foto: Luis Antonio Rocha. 

 Quando criei a página “Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Regional” no Facebook em 22 de agosto de 2018, tive como objetivo auxiliar nas discussões e na elaboração de projetos de inovação tecnológica que contribuíssem para o desenvolvimento regional.

Assim, iniciativas tecnológicas em diversas áreas são trazidas para a página, mostrando oportunidades e a situação das pesquisas em nível de Brasil. Além disso, indicações de como elaborar projetos e oportunidades de estágios, doutorados e pesquisas de diversas universidades e centros de pesquisas são apresentados.

Mas, afinal, o que vem a ser inovação tecnológica? E quando une a inovação com o desenvolvimento regional, o que isso significa na prática?

O termo “inovação tecnológica” começou a ser tratado no final do século XX e início do século XXI de uma forma mais elaborada, vinculando governos, empresas e universidades. De modo geral, vê-se como inovação tecnológica toda inovação em produtos ou processos, seja por uma produto/processo novo ou um produto/processo aprimorado.

No caso brasileiro, em 2 de dezembro de 2004 foi promulgada a Lei de Inovação Tecnológica com objetivo de estimular a inovação no país. A Lei de Inovação se organiza em três elementos: constituição de ambiente propicio às parcerias estratégicas entre as universidades, institutos tecnológicos e empresas; o estimulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação e incentivo à inovação na empresa.

A criação da Lei de Inovação Tecnológica irradiou a criação das Leis Estaduais e Municipais, de acordo com as especificidades de Estados e Municípios.

No entanto, na prática, existem algumas dificuldades tais como: o baixo número de patentes; a falta de uma cultura para registrar inovações; a falta de apoio e recursos; a burocracia e a demora na finalização dos registros. Essas dificuldades fazem com que se percam oportunidades de registros de patentes de produtos, processos, registros de software, entre outros.

Com relação as patentes, mesmo ocorrendo um crescimento ano a ano, de acordo com o Índice Global de Inovação (IGI), elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), o Brasil está em 66º entre os 129 países que mais inovam.

Como então diante desse cenário que ainda necessita de aprimoramento, pode-se discutir a inovação tecnológica e o desenvolvimento regional? Algumas pistas começam a surgir a partir de iniciativas municipais de inovação tecnológica que buscam competências e aplicações do conhecimento em suas regiões.

O conhecimento da realidade local e regional possibilita o levantamento de problemas que podem ser resolvidos mediante inovação tecnológica.

Há um grande caminho a percorrer. As Leis de Inovação estão aprovadas em muitos locais. Torna-se necessário conhece-las, envolver toda a sociedade e todos os elementos que constam na Lei de Inovação para aplica-la visando o desenvolvimento com qualidade de vida, afinal de nada adianta inovar sem respeito ao ser humano e ao meio ambiente.

Não é por acaso que a imagem utilizada na capa da página Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Regional é a foto do lago de um parque da cidade de Maringá, o Parque Alfredo Nyfler. A ideia com a imagem é mostrar que não devemos esquecer que estamos integrados ao ambiente em que vivemos mesmo inovando com tecnologia.

Tania Tait, Artigo Publicado na Gazeta de Maringá, em 09/09/2010.

Gazeta de Maringá

 


segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Por que propor campanha de prevenção ao coronavírus para as mulheres?

Na cidade de Maringá, de acordo com os dados fornecidos pela Secretaria de Saúde estão morrendo mais homens do que mulheres pelo COVI-10.  No entanto, as mesmas estatísticas apresentadas indicam que as mulheres estão sendo mais contaminadas pelo novo coronavírus.

Diante desse cenário, a ong Associação Maria do Ingá Direitos da Mulher analisou a situação e os dados. Na análise, discutiu-se a presença da mulher na cidade, a qual conta uma rede de comércio e de fábricas de confecção de roupas de âmbito regional tanto com relação às vendas como no emprego de mulheres, em sua maioria.

Além disso, nas áreas de saúde e dos serviços domésticos, as mulheres são, também, a maioria das trabalhadoras, executando as atividades em um ou mais empregos.

Outro fator analisado relaciona-se a movimentação econômica protagonizada pelas mulheres tanto no comércio local nos bairros como no centro da cidade, quando se deslocam para aquisição de produtos e serviços.

Para completar esse cenário, surge a mobilidade das mulheres, em sua maioria, usuárias do transporte coletivo. Assim, as mulheres circulam tanto no ambiente público como no ambiente doméstico.

No ambiente doméstico, as mulheres, são as que, normalmente, gerenciam e realizam as atividades da casa, na realização das tarefas, no cuidado das crianças, dos idosos e dos doentes das famílias.

Todo esse conjunto de fatores leva a maior exposição por parte das mulheres ao coronavírus, o que mostra a necessidade de que seja realizada uma campanha de prevenção voltada para as mulheres,

Em face do exposto, a Ong Maria do Ingá protocolou documento junto à Prefeitura de Maringá solicitando que seja realizada uma campanha de prevenção e conscientização específica para as mulheres no sentido de reduzir a contaminação e a proliferação do coronavírus – Covid-19.

Esperamos que a solicitação da entidade seja atendida com valorização para a importância do trabalho e da presença da mulher na cidade.


 

sábado, 29 de agosto de 2020

Ong propõe campanha de prevenção pra mulheres no combate ao coronavírus

 A Ong Maria do Ingá- Direitos da Mulher, reunida em 26/08/2020 e, diante da análise dos dados referentes ao coronavírus na cidade de Maringá, detectou que a maioria das pessoas contaminadas na cidade é mulheres. Isso se dá, possivelmente, pela cidade contar com uma rede de comércio e de fábricas de confecção de roupas, nas quais as mulheres são a maioria das trabalhadoras, o mesmo ocorre na área de saúde e no serviço doméstico.


Também, são as mulheres as que mais movimentam a economia local, tanto nos bairros como na área central e as que mais utilizam o transporte coletivo.

Em face do exposto, a Ong Maria do Ingá protocolou documento ao Prefeito de Maringá solicitando que seja realizada uma campanha de prevenção e conscientização específica para as mulheres no sentido de reduzir a contaminação e a proliferação do coronavírus – Covid-19.