Para compartilhar idéias!







segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Museu como paixão!

O incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, me lembrou  a minha trajetória com relação aos Museus.  Frequentadora de museus por todos os locais que visito, sempre tive a percepção de que museus nos mostram o passado para que possamos nos compreender enquanto povo. Aprendemos com os museus a valorizar o presente e a construir o futuro, eles nos entretem e ao mesmo tempo nos educam.
Nos início dos anos 1990, após anos ministrando a disciplina de Introdução à Ciência da Computação na UEM, para cujas aulas eu levava sempre material e fotos, no item do programa História e Evolução dos Computadores, para mostrar aos alunos como eram os equipamentos, sua capacidade e o período em que foram utilizados.
Depois de um tempo, me ocorreu que poderia colocar esse material num local e levar os alunos de Ciência da Computação e Informática para este local. Comecei a reunir os materiais, fotos etc e surgiu a idéia de criar um Museu. Fiz pesquisas a respeito, elaborei um projeto permanente de ensino e assim criamos o Museu do Computador da UEM, em 1996. O Museu atualmente está com acervo armazenado no Bloco C56-sala 21, no prédio do Departamento de Informática e pode ser visitado on line no site www.din.uem.br/museu
Na época, recebemos muitas doações de equipamentos, me lembro de um em especial, em que o contador nos cedeu o seu primeiro computador usado no escritório de contabilidade. Depois recolhemos peças do equipamento usado na UEM, O IBM. Não deu tempo de resgatar o equipamento todo. Fomos assim, colecionando peças como computadores usados nos anos 1980, impressoras, scanners, mouses e graças a um professor da área de hardware que nos auxiliou, organizamos, também, uma exposição de placas mãe e processadores. Organizamos, também, uma exposição de fotos advindas de acervo geral da UEM (antigo NURAV com a gentileza do fotografo Antonio Carlos Locatelli) e imagens fotografadas antes do desmanche do IBM.
Tempos depois, com a organização do acervo e o interesse dos alunos, tivemos a idéia de realizar exposição do Museu da UEM, no qual o acervo ficou armazenado por muitos anos. As exposições eram realizadas anualmente e chegaram a alcançar 3000 alunos das regiões Norte e Noroeste do Paraná e despertou o interesse da imprensa falada e escrita.
Muitos professores, inclusive, diziam que era bobagem guardar “tantas velharias” que seria mais interessante tratar de novas tecnologias. Fizemos as duas ações com o Museu.
Infelizmente, anos depois, o Museu da Bacia do Paraná precisou de espaço e nosso acervo ficou armazenado no Bloco 13, antes de mudar para o Bloco C 56. Fizemos solicitações para que o Museu do Computador permanecesse ali no Bloco 13, com porta aberta para a  passarela central e amplo acesso ao público, mas perdemos o espaço pela necessidade geral de outros cursos.
Uma atividade como o Museu do Computador da UEM não pontua na vida acadêmica e, portanto, os professores e alunos que se envolvem,  o fazem por gostar da atividade. Como resultados de produção, tivermos artigos e apresentação em Forum de Ensino e Extensão, ao tratar o Museu do Computador como recurso didático para a história e evolução dos computadores. Inclusive, aluno obteve bolsa de ensino, irrisória, mas uma avanço para a época. Fomos, também, citados em artigos de outras universidades. Tivemos uma parceria com o MUD (Museu Interdisciplinar da UEM), no qual colocamos algumas peças do acervo em local emprestado para o Museu do Computador.
Com um dos bolsistas fizemos a etapa de colocar o nosso Museu do Computador na Internet, para o qual fotografamos as peças do acervo e fizemos um catalogo de cada uma, que pode ser visto no site citado anteriormente www.din.uem.br/museu
Como era projeto de ensino, todo ano apresentávamos relatórios. Organizamos um mural de fotos e colocamos algumas pelas do acervo do Museu do Computador no corredor do térreo do Departamento de Informática.
Quando me aposentei como professora da UEM, uma das atividades que me deixou comovida foi deixar o Museu do Computador da UEM, mesmo sabendo que os professores que assumem, o fazem por gostar da atividade.
Escrevo pois fiquei comovida em deixar um museu simples como o Museu do Computador, de acervo regional e local. Agora, fico imaginando a dor das pessoas que atuam na grandiosidade do Museu Nacional, suas perdas irrecuperáveis, seus 200 anos de História, seu acervo inigualável...Uma tragédia para o país e para a vida das pessoas que se dedicam a essa relevante atividade de cuidar e organizar nossos museus.
Uma tragédia que poderia ter sido evitada...




Acervo do Museu do Computador da UEM, fotos do site: www.din.uem.br/museu

sábado, 1 de setembro de 2018

Lula me conquistou!


Estive em Curitiba nesse ano por três vezes: no dia da última aparição do Lula quando de seu depoimento em Curitiba que reuniu mais de 10 mil pessoas na Praça Santos Andrade; no dia do Trabalhador (a) e no última dia 28. Mas tinha visto o Lula em outras épocas, quando candidato em suas passagens por Maringá. Uma dessas vezes foi no Jardim Alvorada num comício que, em 1989, reuniu mais de 15 mil pessoas, com mães colocando seus bebês no colo de Lula, em confiança. Uma outra vez foi em uma Conferência Nacional de Mulheres em Brasília.
Nessa Conferência Nacional de Mulheres, mais de 2000 mulheres gritaram o nome de Lula, em reconhecimento às políticas públicas para mulheres implementadas em seu governo, a homologação da Lei Maria da Penha e a criação da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres. Num momento de folga fomos visitar o Palácio que Lula liberou para visitas monitoradas. Nos emocionamos ao ver o local onde ele despachava, a decoração do local e tudo o que rondava nosso imaginário de um presidente do povo recebendo pessoas do mundo todo. Ficamos orgulhosas de ver o Brasil ser colocado no cenário internacional, em pé de igualdade e como liderança.
Em todas as oportunidades que tive de estar em eventos pro-Lula, me intrigou o amor e a esperança que as pessoas depositam nele. Me intriga pois fui formada na idéia de que as organizações e os grupos e suas reivindicações devem mover a humanidade e não focar em pessoas, que se torna algo personalista.  As pessoas passam, as idéias e ações permanecem. 
No entanto, devo confessar que depois de tanto, ver, ouvir e julgar como aprendemos na Pastoral Universitária, lá dos anos 1980, agora em 2018, tornei-me fã desse ser humano que arrasta multidões em sua defesa, que é lembrado pelo povo como o Presidente de uma época em que o povo foi feliz. Um povo que compreende o termo “esquerda”  como algo que olha pra ele e busca melhorar sua vida.
No dia 09 de abril desse ano ouvi o depoimento de uma senhora sobre governos de esquerda que fiquei com vontade de contar pra Lula, pois sintetiza, de forma simples, a visão do povo que reconhece em Lula a expressão de tempos felizes.  
Ela me disse: “Só sei que nos governos de Lula e Dilma que consegui ter o que tenho, minha casa e o estudo dos meus filhos. Minha vida melhorou. Acho uma ingratidão não reconhecerem isso. São os governos de esquerda que olham para os pobres, para os que mais precisam”.  Ela expressou seus sentimentos e uma forma de compreender a realidade, pautada na promessa de campanha de Lula de que nenhum brasileiro ou brasileira ficaria sem três refeições por dia. E ele cumpriu a promessa, com políticas sociais que tiraram milhões de pessoas da miséria. Projetos destruídos pelo atual governo golpista que privilegia os donos do capital internacional em detrimento do povo brasileiro.
Quando Lula se entregou, eu pensava, : “não se entrega Lula, vá para o exílio, onde será bem tratado. Por favor, não confie na direita desse país, eles mostram a todo instante do que são capazes”. Sei agora que eu fazia parte de um coro, que no final cedeu a sua vontade. Imagino que Lula tenha razões fortes para ter tomado a decisão de se entregar e a respeito, mesmo discordando dela.
O que se segue após a prisão de Lula, nem preciso comentar, todos sabem: a rapidez em julgar e condenar, o processo falho, a prisão sem provas, o  caso tríplex desmascarado, os comentários a favor de Lula de juristas renomados, a determinação da ONU para que possa ser candidato e o impedimento de sua candidatura à presidente.
Vejo, agora, pessoas de todo o Brasil se revezando na Vigília Lula, ao lado da Política Federal em Curitiba, para não deixa-lo sozinho, como se o estivessem protegendo.
Costumo pensar, se Lula tivesse 5% estaria solto, mas como aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas e não tem ninguém para derruba-lo, resolveram trancafia-lo e concretizarem o golpe, como nos dizeres daquele político, que foi gravado e divulgado: “com o supremo, com a imprensa, com o judiciário... com tudo”. E assim, se fez, para, no final, prejudicar o povo brasileiro em detrimento das oportunidades dadas por um país rico em petróleo.
Sabemos que não existe ideologia por trás do golpe, existe o Pré-sal e o mercado internacional. A suposta ideologia de direita, com toda falácia de livre mercado, livre concorrência e privatização das empresas públicas e da saúde e educação serve apenas para interesses financeiros e muito lucro para garantir a permanência no poder, em detrimento da qualidade de vida do povo.
E Lula está lá, impedido de fazer o que sempre gostou, andar pelo país e encontrar as pessoas. É tudo tão escancarado e vergonhoso que nem o fato de ter mais de 70 anos, o liberam pra ficar em casa, como fizerem como outros políticos.
As pessoas que não gostam de Lula podem discordar dele e de suas idéias, mas tem que admitir, que é inédito um político conseguir mobilizar tantas pessoas, com tanto amor e desprendimento em apoio a um líder, que já está na história, como a maior liderança do país.
Lula é preso político e ainda voltará para o colo do povo, onde é seu lugar.



quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Criada a pagina no Facebook: Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Regional

Durante a minha vida profissional na área de computação tive a oportunidade de atuar em várias frentes pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e por outras instituições que me possibilitaram enxergar a oportunidade de inovação tecnológica como mola propulsora de desenvolvimento, notadamente, para desenvolvimento regional.
A nossa região tem uma característica importante pela coragem e desprendimento de seus pioneiros e pioneiras que, não vieram para cá apenas para colonizar, mas para construir uma cidade para si e para os seus. Portanto, legaram a força de enfrentar uma terra agreste e com parcos recursos para transformar nossa região no polo de desenvolvimento que se vê na atualidade.
No entanto, muitos problemas ainda precisam ser resolvidos para melhorar a vida do nosso povo. Aliando essa coragem com a vontade de desenvolver nossa região, Estado e País, vemos na inovação tecnológica um instrumento poderoso.
Mas, afinal o que é inovação tecnológica? Como fazer? Como realizar pesquisas? Como realizar parcerias universidade-empresa? Como viabilizar os projetos? Essas e outras indagações nos envolvem a todo instante.
Não existe estrada pronta. O caminho se faz passo a passo. Muitas iniciativas já são sucesso, outras demoram mais, outras podem não decolar. Sempre vale a experiência e o incentivo para não desistir.
Me aposentei como professora e pesquisadora mas penso que posso colaborar com a inovação e desenvolvimento tecnológico a partir das experiências que tive. Assim, resolvi criar a página no Facebook: “ Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Regional.”
Espero que vocês gostem e possam concretizar seus projetos a partir das discussões que teremos na página. Ou pelo menos, que muitas ”minhocas” de idéias rondem nossas cabeças.
Um abraço a todos e a todas. E vamos começar.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

II Roda de Conversa sobre violência Doméstica

Em meio a tantas notícias sobre assassinatos de mulheres, de norte a sul do país, há de se questionar a efetividade da Lei Maria da Penha com suas medidas protetivas. Para debater o tema, a ONG Maria do Ingá-Direitos da Mulher promove a II Roda de Conversa sobre a violência doméstica.
Nessa segunda versão, a ONG traz o tema "Medidas protetivas garantem a segurança das mulheres?". O evento é organizado pela ONG Maria do Ingá em parceria com o Forum Maringaense de Mulheres, a Secretaria de Mulheres do Sismmar e a Secretaria de Mulheres do Sinteemar. A apresentação desse ano está a cargo da advogada Jacheline Batista com apoio da advogada Ana Carla Tait Romancini, ambas advogadas voluntárias da ONG Maria do Ingá. O evento é gratuito e conta com Atividades Academicas Complementares, via projeto com a Universidade Estadual de Maringá (UEM).
 https://www.facebook.com/events/1505205209626081/
 

quinta-feira, 14 de junho de 2018

O futebol e eu.


A minha história com o futebol começou na Copa de 70. Eu tinha 9 aninhos e via muita faxinha verde amarela. Depois, adulta soube que aquela Copa escondia as atrocidades e crimes do governo da ditadura militar. Mais tarde torci pelo Brasil nas Copas, até de camiseta amarela. Depois começaram os altos salários e vimos a falta de garra e de orgulho dos jogadores em vestir nossas cores. Fui me decepcionando. Aí a Copa veio para o Brasil, alegria geral. Lembro do Presidente Lula comemorando. Um amigo me ligou falando do orgulho de ver um presidente vestir de verdade a camisa do pais. E vi o povo que pagou uma fortuna por seus ingressos ou receberam como cortesia, mandarem a nossa Presidenta Dilma tnc. Fiquei envergonhada com a falta de respeito e educaçao dos nossos "torcedores". Claro, fiquei perplexa com o famoso 7 a 1. Não tenho como não associar as cores da camiseta com os patos da Fiesp e os manifantoches. Mas, sou brasileira e não desisto nunca. As cores são nossas e, claro darei um sorrizinho interno quando o Brasil ganhar. LulaLivre# LulaPresidente#
Foto do Luis Antonio, quando foi jogador SUB-20 da seleção Brasileira.
 
 

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Para além dos museus e pontos turísticos






Em nossa viagem, de 13 a 28 de maio de 2018, por Paris, Veneza, Roma, Vaticano e Atenas, além do deslumbramento pelo cenário e pelas belíssimas obras como Monalisa e Pietá, outras impressões surgiram ao longo do caminho em trajetos realizados por meio de aviões, trens, metrôs, barco e muita caminhada.
Na sempre bela e charmosa Paris, num final de inverno e muitos agasalhos, nos deparamos com o significado do terrorismo no dia-a-dia da cidade. Tive a oportunidade de conhecer Paris antes dos atentados e, fiquei surpresa em ter que passar por catracas e revistas com aparelhos de metal em todos os pontos turísticos. Já não se chega a Torre Eiffel, por exemplo, como se estivesse apenas atravessando uma praça. Agora a Torre está cercada por grades e para entrar existem filas enormes com fiscalização. Também, a Universidade Sorbonne está com seguranças e acesso restrito.
Outro aspecto que chamou nossa atenção foi a quantidade enorme de vendedores de souvenir ao redor dos pontos turísticos, alguns africanos e muitos haitianos, o que, também, não se percebia 5 anos atrás. São vendedores insistentes como todos os vendedores ao redor do mundo, ora falando em inglês, francês ou espanhol.
Apreciamos Veneza e seu encanto especial, lotado de pessoas num dia de verão quente, com pessoas de todo o mundo e muitos italianos em férias. Aqui, nos livramos dos agasalhos pesados e passamos a usar roupas mais leves. Como boas turísticas que somos, navegamos pelas águas nos canais de Veneza de gondola ao som de muita conversa em italiano dos condutores com suas tradicionais camisas listradas.
Destaque-se que em todos os locais por onde passamos, encontramos muitos brasileiros, as vezes, excursões inteiras vindas do nosso Brasil.
Chegamos a Roma, via trem de Veneza. A impressão que Roma nos causa é de uma cidade grande, com pessoas muito apressadas. Visitamos os pontos turísticos. Nos encantamos com a Pietá de Michelangelo, comemos muita pizza e sorvete, bebemos muito vinho. Tivemos má impressão da grosseria dos italianos e descobrimos que eles não gostam de turistas, a despeito do forte turismo na cidade e a renda que esse gera.
Na visita ao Coliseu conhecemos o mau caratismo dos guias que insistem em que as pessoas entrem em grupos por 36 euros, alegando que os ingressos no guichê custam 24 euros, destacando a pouca diferença e o conforto por entrar primeiro aos invés de enfrentar uma fila de 2 horas. Claro que muitas pessoas  por comodismo ou desconhecimento seguem esses guias. Recusamos a oferta e no guichê, descobrimos que a entrada custa 12 euros e levamos menos de 40 minutos para entrar no Coliseu. Ou seja, picareta e mau caráter existe em todo lugar, infelizmente.
No Vaticano, fomos convidadas a cobrir os ombros. Fato que nos levou a rir muito, pois em todos os lugares da cidade, até em imãs de geladeiras ou aventais vendidos nas ruas, o nu masculino se destaca predominantemente,  com as partes baixas em relevo.
Nem vamos tratar da polêmica sobre os nus artísticos expostos no Museu do Louvre em Paris e em Roma. Na Capela Sistina e na Basílica de São Pedro nos deslumbramos com a beleza das pinturas e ficamos impressionadas com a falta de educação das pessoas na insistência em tirar fotos, em locais proibidos. Note que essas pessoas não eram brasileiros, antes que alguém pergunte prá nós.
Nossa atenção em Roma, além do vinho delicioso, se voltou também para a enorme quantidade de indianos pela cidade, vendedores ambulantes e vendedores dentro das lojas de lembrancinhas.
Não temos a exata dimensão e compreensão dessa migração de povos, vindos de locais distantes. Nos parece que seja em busca de trabalho e uma vida melhor.
Na Grécia, em Atenas, encontramos um povo belíssimo e acolhedor, uma culinária deliciosa e um cenário que nos faz pensar na evolução da humanidade. Nesse local, diante de textos e frases sobre democracia, nos deparamos com notícias dos acontecimentos no Brasil, da greve dos caminhoneiros e de pessoas se aproveitando da greve para pedir a famigerada intervenção militar.
Em todos os locais pelos quais passamos, observamos a existência de inúmeras excursões com turistas chineses, coreanos e indianos e suas famílias, ocupando aviões, trens e metro, restaurantes e lojas. Talvez seja sinal de que a economia desses países esteja propiciando à sua população essas viagens.
Ao final dessa viagem espetacular, só podemos brindar e agradecer muito todos os momentos que passamos e todos os lugares que visitamos. Pena que  nossas bagagens não tenham chegado ainda, extraviadas no Aeroporto Charles De Gaulle, na conexão da volta pra casa...Pra nossa belíssima casa, o Brasil, que, ainda, não se reconhece como um dos lugares mais encantadores do mundo.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Apesar de voce...


Em meados dos anos 1980 conheci uma moça, formada pela UEM, que se espantou numa roda de conversa sobre a ditadura militar, com a exclamação: “isso aconteceu mesmo no Brasil? que horror! nunca ouvi falar!”. Naquela época, foi uma surpresa, alguém com curso superior não conhecer  a realidade de seus país. Entretanto, era a realidade da maioria das pessoas, marcadas pela ignorância protagonizada pela já existente Rede Globo, num mundo em que não existiam as mídias sociais para mostrar a outra versão dos fatos.
De lá prá cá, avançou a tecnologia e experimentamos a democracia. Uma democracia considerada jovem, que foi confirmada por uma constituição chamada de “cidadã” por privilegiar direitos, em 1988. As eleições nos trouxeram diferentes tipos de governos, tais como um governo que pregava caça aos marajás cujo presidente foi cassado; um governo privatista que nunca informou em que aplicou os recursos advindos das privatizações das estatais; um governo que privilegiou políticas sociais, considerado governo de esquerda, cujo presidente das primeiras gestões  está preso e  a presidente da segunda sofreu impeachment.  
E agora, em 2018, as mídias sociais, como parte do avanço da tecnologia, nos dão várias versões dos fatos sobre o golpe e a prisão política de Lula.
A rapidez assustadora com que o governo golpista apresentou as reformas trabalhista e previdenciária e as privatizações das empresas públicas e do pre-sal denota que havia algo muito estranho no ar. Sabe-se que as pedaladas fiscais que afastaram a Presidenta Dilma são autorizadas pelo Tribunal de Contas. Mas, o congresso queria afasta-la, como na frase gravada daquele político que disse: “temos que estancar a sangria, com o Supremo, forças armadas, com tudo” Eis aí a prova de que estava sendo articulado um golpe com a participação dos juízes, dos militares, da imprensa e do congresso.
No entanto, afastar a presidenta, não era suficiente, queriam estancar a “sangria”  das políticas públicas implementadas pelos governos anteriores, chamados de esquerda. Assim, fez-se necessário prender o líder maior da esquerda no país, o ex-presidente Lula, cujas pesquisas eleitorais mostravam como presidente eleito novamente nas próximas eleições. Ele deixara seu governo com mais de 80% de aprovação.
Em meio a prisão de Lula, veio à tona, valores superfaturados de um apartamento de luxo, que desmascarado pelo Movimento Sem Teto que o invadiu, mostrou que se trata de um imóvel sem as regalias arroladas no processo que, efetivamente, não comprovou que pertencia ao ex-presidente. Paralelo a esse fato, não se pode deixar de mencionar a repressão aos movimentos sociais e sindicais, com cenas reais de helicópteros atirando bombas de gás e atirando balas de borracha e agredindo as pessoas no exercício de seu direito constitucional de manifestação.
Ao recusar as visitas de um teólogo e de um prêmio Nobel ao ex-presidente Lula preso na Polícia Federal (PF) em Curitiba, a justiça deixou claro que se trata de uma prisão política no encarceramento de um líder, preso em cela separada, para sua “proteção” como afirmam os autos do processo. O que os golpistas, certamente, não esperavam é que o movimento social e sindical organizado iria permanecer em vigília na PF em um ato de resistência e apoio ao ex-presidente Lula.
Os fatos estão aí e como na música de Chico Buarque, camuflada como música romântica, você pode analisar, se o “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”... é dedicado a um amor perdido, ou se é destinado a um governo de ditadura militar, da época.

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