Retorno à Presidência do Conselho Municipal da Mulher de
Maringá, para a gestão 2017-2018. A outra gestão que presidi foi de 2004-2006 e,
naquela época, acompanhei a transição de Assessoria da Mulher (comandada pela
Zica Franco) em Secretaria da Mulher (comandada pela Terezinha Pereira). De lá
pra cá, nesses onze anos, muita coisa mudou, na minha vida pessoal e na vida do
país.
Evento Seminário de Enfrentamento à violência contra a mulher na Internet, de 07/08/2017
(Foto: Silvia Muniz).
Sou conselheira no Conselho Estadual dos Diretos das Mulheres e pude
realizar um pos-doutorado em História, para narrar a história das mulheres de
Maringá no campo de luta contra a ditadura militar, o qual me emocionou e me
fez mais convicta de que ditadura militar nunca mais.
Tive a alegria de ver
promulgada a LEI Maria da Penha (2006), participei da instalaçao do CRAM-Centro de Referência às mulheres vítimas de violência) e da Casa Abrigo, sentir o prazer de votar na primeira mulher Presidenta do
Brasil, de ver a promulgação da LEI do Feminicídio (2014), de continuar com o
trabalho de formação e informação realizado pela ONG Maria do Ingá – Direitos da
Mulher, de ver muitos resultados das lutas do movimento feminista pelo fim da
violência contra a mulher, pelo fim da discriminação e pela igualdade.
Participei da formação do Forum Maringaense de Mulheres (2013), tendo sido sua
primeira presidenta. Vi a Secretaria da
Mulher se tornar uma secretaria múltipla (2016), que voltará a ser Secretaria
da Mulher, pelo atendimento, por parte do prefeito, à solicitação do Conselho
da Mulher e do Forum Maringaense de Mulheres.
Aprendi, nesses anos, o conceito de “sororidade” e a acompanhar
a Marcha Mundial de Mulheres, com a alegria e a força das mulheres jovens,
negras, LGBT, estudantes, camponesas, da floresta, indígenas e, tantas outras
que compõem o nosso Brasil e nosso mundo. Participei das conferências municipal, estadual e
nacional de políticas para mulheres. Estive na Marcha das Mulheres de apoio à
Presidenta Dilma, que foi tirada por políticos corruptos e por uma sociedade para a qual acabar com a
corrupção era apenas o impeachment da Presidenta, mas isso é pra outro texto.
Foram muitas reuniões, oficinas, pedalada pelo fim da
violência contra a mulher, seminários, nosso tradicional Café, Mulheres e Política,
em sua 11ª. Edição, debates e viagens pela região.
Onze anos depois, com tantas lutas e conquistas, tudo poderia ser um mar de rosas, mas, não é...
O machismo continua assassinando, agredindo e estuprando
nossas meninas e mulheres. Além das formas tradicionais de violência física, psicológica,
patrimonial e emocional, surgem novas como as disseminação de calúnia,
difamação e de imagens intimas de mulheres e meninas, via Internet. Protegidos
por uma tela de computador ou de celular, homens disseminam esse tipo de
violência contra a mulher que causa sua morte civil, seu afastamento de amigos
e familiares e, em alguns casos, há registros de suicídio decorrentes dessa
violência. Dados fornecidos pela ONG Marias da Internet, coordenada pela
jornalista Rose Leonel, mostra que a maioria dos crimes de disseminação de
conteúdo íntimo é realizada por homens e, muitas vezes, por ex- maridos,
ex-namorados ou outro tipo de ex, inconformados com o fim do relacionamento.
Leis estão sendo promulgadas para punir os agressores de
mulheres, também, pelo meio digital.
Entretanto, a despeito das promulgação das leis, vemos que a
Lei Maria da Penha precisa de fortalecimento nos aspectos: integração dos
serviços de atendimento; capacitação e qualificação da policia, profissionais
de saúde e da justiça; conscientização da sociedade sobre a importância de
atuar no combate à violência; orçamento adequado por parte dos governos para
infra-estrutura de apoio e de profissionais preparados nas delegacias da mulher
e IMLs; aumento do número de delegacias; rapidez nos processos tanto no
atendimento aos chamados como nas medidas protetivas.
A despeito, também, da Lei do Feminicídio, que pune com mais rigor os
assassinos de mulheres, temos nossas meninas e mulheres assassinadas em
percentuais aterradores, 4,4 a cada mil mulheres, conforme dados divulgados
recentemente pela imprensa, em nível nacional.
Campanhas de sensibilização e conscientização; recursos
públicos e investimentos são necessários nessa luta pelo fim da violência
contra a mulher, que é de toda a sociedade, ao lado de uma educação que
valorize a igualdade entre mulheres e homens, que ensine as crianças desde cedo
a respeitar as pessoas e a combater qualquer tipo de violência.
De lá pra cá, muita coisa mudou, afinal foram onze anos, mas
o machismo, enraizado em nossa sociedade, continua consumindo e destruindo a
vida das mulheres e exige, de nós, muita energia para combater sistematicamente
a violência contra a mulher e de atuar por um mundo de igualdade entre mulheres
e homens.
Mesmo diante das adversidades e de tantos problemas ainda por
resolver, hoje, posso afirmar para as mulheres, com convicção: não se calem, busquem ajuda, se protejam, conheçam
seus direitos, se ergam e se empoderem!!! Esse continua sendo nosso desafio nesses novos
tempos!!!