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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Violência contra as mulheres: Por que a invisibilidade mata?

A revista Carta Capital traz uma matéria importante sobre o feminicídio e a violência contra as mulheres, a partir de uma pesquisa do Instituto Patricia Galvão.  Segundo a pesquisa, "O Brasil é o 5º país com maior taxa de homicídios de mulheres, atrás de El Salvador, Colômbia, Guatemala e da Federação Russa. A cada 13 mortes violentas de mulheres registradas por dia, sete foram praticados por pessoas próximas, e poderiam ter sido evitadas. Apesar das taxas de feminicídio serem expressivas, a impunidade ainda é alta – ou justamente por isso". www.cartacapital.com.br

sábado, 5 de novembro de 2016

Novembro também é lilás!

A luta pelo fim da violência contra as mulheres e meninas é todo dia e toda hora, O mes de novembro é o marco dessa luta, realizada no mundo todo, com o dia 25 de novembro - Dia Internacional pela não violência contra a mulher.
 É um momento para pararmos e refletir, conhecer os problemas e propor soluções para que acabe  essa violência que é caso de saúde pública e faz parte da luta pelos direitos humanos e de uma vida com dignidade. 
Não podemos esmorecer e nem retroceder. Vamos participar das atividades do mes de novembro e unir forças nessa luta que é de todos e todas nós, mulheres e homens pela não violência.

Dia 25 - 19:30 - no Sismmar. Roda de Conversar Basta de violência contra a mulher. Evento com pareceria da ONG Maria do Ingá-Direitos da Mulher e Sismmar.

Dia 26 - 9 h - na catedral: Pedalada pelo fim da violência contra a mulher. Evento com várias entidades sindicais, estudantis, LGBT e de mulheres: Forum Maringaense de Mulheres, Associação Maringaense LGBT, Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, União Juventude Socialista (UJS), Ong Maria do Ingá - Direitos das Mulheres, Sismmar, Sinteemar, Sindaen, Steen, Stessmar, Sintromar, Cut.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A indiferença.

Sempre é bom lembrar...

A Indiferença - poema atribuido a Bertolt Brecht.

Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.

Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.

Voltamos ao ar no mundo virtual.

Estivemos fora do ar por problemas técnicos, mas tudo acertado.
Nesse tempo, publiquei dois artigos referentes a participação das mulheres nas eleições 2016: "As eleições, a violência e as mulheres" no jornal  Gazeta do Povo (http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/as-eleicoes-as-mulheres-e-a-violencia-celrf2wtmtoq8thde8tjotidw) e "Mulheres: as grandes perdedoras das eleições 2016" na Revista On line Espaço Acadêmico (https://espacoacademico.wordpress.com/2016/10/21/mulheres-as-grandes-perdedoras-das-eleicoes-2016).
No primeiro, escrito antes das eleições trato da relevância em termos mulheres que realmente façam a diferença na política e que estamos ainda em trono de menos de 10% de representantes.
No segundo artigo, escrito após as eleições, apresento dados estatísticos que mostra que nada mudou para a representatividade de nós, mulheres.
 A presença da mulheres nas políticas continua sendo um grande desafio para a luta pelos direitos das mulheres,

domingo, 18 de setembro de 2016

Nota do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Paraná

O caso amplamente divulgado do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, ocorrido recentemente no Rio de janeiro, e a forma como o caso repercutiu nos veículos de comunicação e nas redes sociais gerou reações de indignação e motivou os
movimentos de mulheres a intensificar sua luta contra a cultura do estupro. Além da brutalidade que envolveu o crime, o que mais chocou a sociedade foi a evidente certeza da impunidade demonstrada pelos agressores que gravaram e
publicaram imagens da violência que praticaram, não se intimidando em expor provas do crime cometido.
O caso que ganhou repercussão sobretudo pelas imagens divulgadas revela uma realidade vivida cotidianamente pelas mulheres e meninas brasileiras, marcada pela banalização e naturalização da violência sexual. Produto de uma sociedade machista e misógina que julga e culpabiliza as próprias vítimas, desresponsabilizando os agressores, contribuindo, dessa forma, para a perpetuação do problema. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano de 2014 foram
registrados 47.646 estupros no Brasil. De acordo com os registros, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. Vale ressaltar, porém, que diversos estudos apontam para
uma grande subnotificação de casos. A Pesquisa Nacional de Vitimização (2013) verificou que, no Brasil, somente 7,5% das vítimas de violência sexual registram o crime na
delegacia. Pesquisa mais recente produzida pelo IPEA - “Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde” - fala em 10% de casos notificados e estima que, no mínimo, 527 mil pessoas sejam estupradas por ano no país. Estudos revelam, ainda, que mais da metade das vítimas de violência sexual são meninas com menos de treze anos de idade e 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados, amigos ou
conhecidos da vítima. O Paraná é o terceiro estado com mais casos de estupros no país em número absoluto, segundo dados do Fórum de Segurança Pública. Em 2014, o estado registrou 3.913 crimes dessa natureza. No mesmo ano, Curitiba ficou com o quinto lugar entre as capitais com mais casos, com 773 casos. Em 2015, conforme números da Secretaria de Segurança
Pública (SESP), os crimes de estupro continuaram crescendo. Foram 4.119 casos registrados pelas delegacias. Nos quatro primeiros meses de 2016, houve 1.307 estupros no estado.
Em Curitiba, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) mantém o Núcleo de Apoio à Vítima de Estupro (Naves), em que um grupo de promotores presta assistência a vítimas com mais de 18 anos que sofreram esse tipo de agressão e já registram em dois anos de trabalho, seis casos de estupro coletivo.
A subnotificação é reflexo da cultura patriarcal que legitima os comportamentos machistas ao mesmo tempo em que nega à mulher a liberdade e a autonomia sobre seu corpo. O medo de retaliações, a vergonha de se expor, o receio de ser julgada pela
violência que sofreu, o desconhecimento sobre seus direitos e a falta de confiança na justiça são fatores que levam muitas mulheres a deixar de denunciar seus agressores e de procurar ajuda. Os criminosos seguem impunes e as vítimas enfrentam sem apoio as consequências da violência sofrida – gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, traumas físicos e mentais, conflitos familiares, discriminação, entre outros.
Entendemos que o Estado, por meio de suas instituições, tem o dever de agir de forma efetiva no combate a este tipo de crime que, além de grave problema de saúde pública, se constitui em violação dos direitos fundamentais das mulheres à vida e à
liberdade. Diante disso, o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, vem dirigir-se às autoridades do Estado do Paraná para reivindicar maior atenção a esse grave problema social, por meio de políticas públicas que contemplem a prevenção, o enfrentamento e o combate à violência sexual.
Entre outras ações destacamos as seguintes:
· Atuar no sentido de garantir os avanços conquistados e impedir retrocessos na legislação que prevê atendimento e proteção às mulheres vítimas de violência sexual;
· Implementar a rede de atenção estadual de atendimento às vítimas de violência sexual e em especial no âmbito da saúde, da segurança pública e da justiça;
· Monitorar o atendimento da rede com demonstração dos resultados no CEDM;
· Promover capacitação continuada de profissionais (da área da saúde, segurança, justiça e outras) para prestar atendimento integral, qualificado e humanizado às meninas e mulheres vítimas de violência sexual;
· Criar mecanismos de fiscalização e responsabilização de profissionais por discriminação, omissão, negligência ou qualquer outra forma de violência institucional praticadas contra as vítimas de violência;
· Investir na capacitação e sensibilização de professores e professoras da rede Pública de Ensino para a promoção de uma educação não sexista, pautada no respeito às diferenças de gênero, e na igualdade de oportunidades para meninos e
meninas;
· Desenvolver campanhas para incentivar a denúncia e a procura imediata à unidade policial por parte das vítimas;
· Criar setores especializados na investigação de violência sexual nas unidades policiais.
Curitiba, 13 de Setembro de 2016.
Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – CEDM/PR

terça-feira, 2 de agosto de 2016

A "puta" e a "louca" na disputa política.


Nem preciso começar dizendo que apoio a Letícia Sabatella e de forma alguma concordo com a Janaína Pascoal. Mas, fiquei pensando sobre o que li nos últimos tempos, e notei que as expressões que usaram para se dirigir a ambas, denota o preconceito contra as mulheres que atuam na política.
Janaína é professora da USP e foi uma das pessoas que pediram o impeachment da nossa Presidenta Dilma. Discordo dela, pois sou a favor da Dilma e luto pela sua volta à Presidência da República, de onde nunca deveria ter saído.
Letícia é atriz, reconhecida por seu talento, é ferrenha critica do governo golpista Temer e grande defensora da volta da Dilma. Concordo com a posição da Letícia a favor da Dilma.
Mas, vamos as palavras que usaram com relação a essas duas mulheres.
Janaína foi chamada de “louca” em um vídeo em que ela discursava a favor do impeachment, o qual se espalhou pela Internet, dizendo que devia estar internada, etc etc.
Letícia, por sua vez, foi chamada de “puta” por defender a Dilma e não esconder seu posicionamento em momento algum. Homens e mulheres a ofenderam e agrediram em uma manifestação em Curitiba.
A louca e a puta, como foram chamadas, estão apenas e tão somente exercendo seu direito à liberdade de expressão e pagam, com isso, o que muitas de nós mulheres pagam, quando resolvem adentrar em um universo masculino e masculinizado como é a política.
O que vimos nos últimos anos, foi, além de uma tremenda falta de educação e respeito, o machismo e o conservadorismo aflorando em todos os cantos do Brasil e, principalmente, por parte da chamada elite ou que se sente elite. Tanto a Presidenta Dilma como as senadoras e deputadas eleitas legitimamente pela população passaram por constrangimentos e ataques machistas, tanto por parte de homens como de mulheres, por meio das redes sociais, meios de comunicação e outras formas de divulgação como adesivos em carros, faixas e cartazes. “Vaca”, “vagabunda”, “puta”, “louca”, “mal amada” são as palavras mais utilizadas para se dirigir as mulheres políticas.
As mulheres que atuam no campo político sofrem com posturas machistas e impropérios de toda ordem. Basta verificar a forma como foram tratadas as mulheres militantes que lutaram contra a ditadura militar, nos anos 1960 e 1970, que eram vistas como mulheres perigosas, terroristas, destruidoras de lares e que estavam no lugar errado pois política era coisa de homens. Nem vamos entrar no mérito da gravidade das torturas sexuais que eram impostas a essas mulheres.
E, pra finalizar, alguém leu ou ouviu alguém chamando Cunha, Aécio ou qualquer outro de “puto” ou “louco” ou “boi” ou “vagabundo” ou “mal amado”?. Não, pelo contrário, ouvem-se expressões: “cara de pau”, “playboy”, “o cara é muito poderoso”, “corajoso”, “deve saber de muita coisa”, “deve ter muita gente presa a ele” etc etc.
Então mulheres e homens, na hora de nos dirigirmos aquela mulher que achamos que está errada e discordamos completamente da posição política dela, vamos refletir se com nossas palavras, não estamos contribuindo para perpetuar o machismo.

Sei que é um grande desafio, mas podemos começar. Xingar aquela mulher que não me representa não vai contribuir para que eu contraponha minha posição política a dela, vai apenas me igualar ao que existe de pior na política brasileira, que é a exclusão em todos os sentidos.