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terça-feira, 2 de agosto de 2016

A "puta" e a "louca" na disputa política.


Nem preciso começar dizendo que apoio a Letícia Sabatella e de forma alguma concordo com a Janaína Pascoal. Mas, fiquei pensando sobre o que li nos últimos tempos, e notei que as expressões que usaram para se dirigir a ambas, denota o preconceito contra as mulheres que atuam na política.
Janaína é professora da USP e foi uma das pessoas que pediram o impeachment da nossa Presidenta Dilma. Discordo dela, pois sou a favor da Dilma e luto pela sua volta à Presidência da República, de onde nunca deveria ter saído.
Letícia é atriz, reconhecida por seu talento, é ferrenha critica do governo golpista Temer e grande defensora da volta da Dilma. Concordo com a posição da Letícia a favor da Dilma.
Mas, vamos as palavras que usaram com relação a essas duas mulheres.
Janaína foi chamada de “louca” em um vídeo em que ela discursava a favor do impeachment, o qual se espalhou pela Internet, dizendo que devia estar internada, etc etc.
Letícia, por sua vez, foi chamada de “puta” por defender a Dilma e não esconder seu posicionamento em momento algum. Homens e mulheres a ofenderam e agrediram em uma manifestação em Curitiba.
A louca e a puta, como foram chamadas, estão apenas e tão somente exercendo seu direito à liberdade de expressão e pagam, com isso, o que muitas de nós mulheres pagam, quando resolvem adentrar em um universo masculino e masculinizado como é a política.
O que vimos nos últimos anos, foi, além de uma tremenda falta de educação e respeito, o machismo e o conservadorismo aflorando em todos os cantos do Brasil e, principalmente, por parte da chamada elite ou que se sente elite. Tanto a Presidenta Dilma como as senadoras e deputadas eleitas legitimamente pela população passaram por constrangimentos e ataques machistas, tanto por parte de homens como de mulheres, por meio das redes sociais, meios de comunicação e outras formas de divulgação como adesivos em carros, faixas e cartazes. “Vaca”, “vagabunda”, “puta”, “louca”, “mal amada” são as palavras mais utilizadas para se dirigir as mulheres políticas.
As mulheres que atuam no campo político sofrem com posturas machistas e impropérios de toda ordem. Basta verificar a forma como foram tratadas as mulheres militantes que lutaram contra a ditadura militar, nos anos 1960 e 1970, que eram vistas como mulheres perigosas, terroristas, destruidoras de lares e que estavam no lugar errado pois política era coisa de homens. Nem vamos entrar no mérito da gravidade das torturas sexuais que eram impostas a essas mulheres.
E, pra finalizar, alguém leu ou ouviu alguém chamando Cunha, Aécio ou qualquer outro de “puto” ou “louco” ou “boi” ou “vagabundo” ou “mal amado”?. Não, pelo contrário, ouvem-se expressões: “cara de pau”, “playboy”, “o cara é muito poderoso”, “corajoso”, “deve saber de muita coisa”, “deve ter muita gente presa a ele” etc etc.
Então mulheres e homens, na hora de nos dirigirmos aquela mulher que achamos que está errada e discordamos completamente da posição política dela, vamos refletir se com nossas palavras, não estamos contribuindo para perpetuar o machismo.

Sei que é um grande desafio, mas podemos começar. Xingar aquela mulher que não me representa não vai contribuir para que eu contraponha minha posição política a dela, vai apenas me igualar ao que existe de pior na política brasileira, que é a exclusão em todos os sentidos.

terça-feira, 31 de maio de 2016

“Por todas elas"


Marcado para dia 01/06, as 18 hs, no Estádio, o evento chamado “Por todas elas”, acontecerá, também, em várias cidades do país. Em Maringá, a iniciativa foi tomada pela jornalista Aline Rizzato e está envolvendo várias entidades de defesa dos direitos das mulheres.  O evento surgiu a partir da denúncia de estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro, no qual uma menina de 16 anos foi violentada por mais de 30 homens. Essa barbárie desencadeou comentários nas redes sociais e denúncias na polícia do Rio de Janeiro que começou a apurar os fatos e prender os bandidos.
O que chama atenção no episódio, além da triste realidade dos fatos é que, novamente, tenta-se culpar a vítima, tanto por parte da polícia como da sociedade. Que roupa ela estava usando? Onde ela estava? Já teve filho; frequentava baile funk...entre tantos outros comentários que tentam desqualificar a mulher, como se essas coisas importassem.
O estuprador estupra, independente da roupa, da postura ou o local onde está vítima. Nem é necessário relatar os inúmeros casos de estupros em crianças e até bebês, os quais, certamente, não incentivaram a violência cometida. Isso significa que a culpa jogada sobre a mulher não procede, mas sim mascara o domínio do corpo da mulher pelo homem e a aceitação da sociedade dessa situação.
Mesmo que uma mulher nua e aos beijos com um homem, quiser parar, tem todo o direito e deve ser respeitada por ele. Se esse homem “forçar a barra” é estupro e, isso, na maioria das vezes, não é visto dessa forma sob a alegação de que ela estava querendo. E como o vídeo que circula nas redes sociais sobre tomar chá, relacionando com o fazer sexo. Se a pessoa não quiser você não irá obriga-la a tomar chá, mesmo que ela tenha aceito uma xicara e tenha desistido depois. A regra deveria ser simples: não quer mais, para tudo.
Infelizmente, muitos relatos de mulheres aparecem mostrando relações abusivas, inclusive dentro de casamentos, nos quais as mulheres são estupradas, mas aceitam em nome do chamado “direitos do marido”.
Nas palestras e cursos ministrados a partir das atividades da ong Maria do Ingá – Direitos da Mulher, as mulheres se sentem a vontade para relatar a situação em que vivem, cuja vida amorosa começa com um romance e se transforma em violência.
As estatísticas, por sua vez, comprovam esse quadro ao colocar que a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do governo federal, estimaram, com base em dados de pesquisa feita em 2013, que 0,26% da população tenha sofrido algum tipo de violência sexual, porcentagem que equivale a 527 mil pessoas. Apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia e há indícios de que esses números sejam bem maiores.
As mulheres sentem medo ao andar pelas ruas, ir em festas, no local de trabalho, na escola, pois sabem que podem encontrar um desses estupradores pela frente. Trata-se de um medo que os homens não sentem quando andam pelas ruas a noite, voltando do trabalho, da escola ou da balada.
Não podemos permitir que nossas mulheres e meninas estejam sujeitas a esse tipo de situação, sempre com medo e insegurança.
Devemos exigir mais rigor nas punições dos casos de estupro e que os estupradores não permaneçam livres, como na história da garota Aracelli, símbolo do Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Aracelli foi estuprada e morta, aos 8 anos de idade, em 1973, por dois homens que não foram presos por serem de família influente e ligadas a ditadura militar no período. Um deles foi homenageado em sessão da Câmara em Vitoria (ES) e ou outro, com nome de rua.
Não se pode permitir que cenas em que um homem da pré-história arrastava uma mulher para sua caverna se repita nos dias de hoje como se isso fosse algo natural e aceito pela sociedade. Nossas meninas estão se tornando conscientes de que tem direito ao seu próprio corpo e  as suas vidas e, não aceitam mais serem dominadas nem viver em relações abusivas.

Eventos como os “Todos por elas”, ao reunir mulheres e homens que lutam pela igualdade inaugura uma onda na qual, juntos, podemos eliminar o machismo de nossa sociedade, que causa tanta opressão e violência às nossas mulheres e meninas.

      Tania Fatima Calvi Tait, Professora Doutora, Coordenadora da ong Maria do Ingá-Direitos da Mulher, Pos-doutoranda em História (UEM), Integrante do Núcleo de Mulheres do Sinteemar, do Forum Maringaense de Mulheres e do Conselho da Mulher de Maringá.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Forum Maringaense de Mulheres elege nova coordenadora

O Forum Maringaense de Mulheres se reuniu na segunda-feira (dia 30) e elegeu a nova coordenadora Profa. Aracy Adorno Reis (Presidente do Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques). O novo colegiado eleito é composto pela profa. Zica Franco - movimento sindical; Prof. Dra. Isadora Vier - Numap-UEM; Prof. Dra. Maria Madalena Dias - ong Maria do Ingá - Direitos da Mulher e Cleuza S. Theodoro - Associação União e Consciência Negra). 
A profa. Dra Tania Tait, da Ong Maria do Ingá-Direitos da Mulher fez uma retrospectiva sobre as reivindicações e atuação do Forum na gestão 2013-2016. Também foi confirmada a presença e o apoio do Forum ao evento "Por Todas elas", em Maringá, no dia 01/06, as 18 hs, no Estádio, em frente ao Mercadão Municipal. A jornalista Aline Rizzato, organizadora do evento "Tudo por elas", compareceu a reunião para apresentar o evento. 
A próxima reunião do Forum será dia 06 de agosto, respeitando o regulamento de realização de uma reunião geral a cada 2 meses. O local será o Sindicato Sismmar (Av. Paiçandu, 465 - Vila Operária).

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Conferência Nacional de Políticas Públicas para Mulheres

Estivemos na IV Conferência Nacional de Políticas Públicas para Mulheres, em Brasília de 10 a 13 de maio, como representante do Paraná. 
Na abertura da Conferência, contamos com a presença de Presidenta Dilma que falou sobre as conquistas das mulheres e o golpe impetrado contra ela.
No encerramento da Conferência, as mulheres presentes reafirmaram apoio a Presidenta Dilma e aprovaram uma Carta as Mulheres que está sendo encaminhada em nível nacional.
As mulheres delegadas na conferência debateram e aprovaram as propostas que vieram de Estados e Municípios que englobaram os 4 eixos: 1. Contribuição dos Conselhos dos Direitos da Mulher e dos movimentos feministas e de mulheres para a efetivação da igualdade de direitos e oportunidades para as mulheres em sua diversidade e especificidades: avanços e desafios; 2. Estruturas institucionais e políticas públicas desenvolvidas para as mulheres no âmbito municipal, estadual e federal: avanços e desafios; 3. Sistema político com a participação das mulheres e igualdade: recomendações e 4. Sistema nacional de políticas para mulheres: subsídios e recomendações.
Foram 2219 mulheres discutindo nossos problemas e propondo soluções.
E no dia seguinte a aprovação das propostas. fomos premiadas com o impedimento da Presidenta Dilma e a composição de um ministério apenas de homens, formado pelo golpista traidor que representa uma tradição política brasileira de retrocesso e negação das políticas sociais.
Golpistas não passarão! foi o lema da nossa Conferência Nacional de Políticas Públicas para Mulheres.


quinta-feira, 14 de abril de 2016

De mim, por mim, "Nõ vai ter golpe! Dilma Fica"

"Perdi" amigos, amigas e parentes, mas não posso me eximir de defender a democracia depois de lutar a minha vida toda em defesa dos nossos direitos enquanto cidadãos e cidadãs. A minha formação me tornou ser assim, parte por eu ser assim mesmo, mas parte compartilho como Eduardo Galeano por eu ter lido "As Veias Abertas das América Latina", do Leonardo Boff por eu ter lido "O Pai Nosso", do Jorge Boran por eu ter lido seu livro "o Senso Crítico", do Jorge Amado por eu ter lid...o "Subterrãneos da Liberdade", da feminista Rose Marie Muraro, da Rosa Luxemburgo, da Pastoral Universitária, do movimento estudantil, de D. Helder Câmera, do Frei Beto, do Pe Lorenço, do Pe. Julio, de todos e todas que lutaram contra a ditadura militar e de companheiros e companheiras que lutam, sempre, pela democracia, por justiça e liberdade.
Não vai ter Golpe! Dilma Fica!

domingo, 10 de abril de 2016

O amor e a vida de Sapopema a Curitiba.


Sexta-feira e sábado tive a oportunidade de estar em dois lugares diferentes: Sapopema e Curitiba. Sapopema, no interior do Paraná, possui quase 7.000 habitantes e é conhecida por suas cachoeiras. Curitiba é a capital do Paraná, com seus quase 2 milhões de habitantes. Duas realidades distintas em dois eventos igualmente distintos que me fizeram pensar no muito que podemos fazer para melhorar, cada vez mais, nosso Brasil e nosso mundo. Também, me fizeram pensar na força de mulheres e homens, jovens e idosos na luta diária pra construir um mundo melhor pra vivermos.
Em Sapopema, participei da reinauguração da Casa Familiar Rural Pe Sassaki. Trata-se de uma escola para filhos de pequenos produtores, assentados da reforma agrária, entre outros.  A escola tem parceria com Igreja Católica, governo federal, estadual e municipal, além de ter recebido verbas para reformas de emendas da Senadora Gleisi Hoffman (PT) e do Deputado Federal Enio Verri PT). Ali estavam adolescentes que participam de uma pedagogia chamada pedagogia da alternância em que combinam as aulas com o tempo da colheita nas pequenas propriedades das suas famílias. No evento, muitos parceiros e a participação dos alunos, conscientes do seu papel, ensinado na escola, com o envolvimento da comunidade. Conheci o Pe Sassaki que dá o nome para a escola, um senhor com quase 80 anos, que se anima no trabalho com a juventude. Ouvi de outro padre, agradecimento ao ex-deputado André Vargas, que segundo ele, errou, mas que sempre ajudou aquela comunidade e não se pode cuspir no prato que comeu.  
Em Curitiba, participei da palestra do sociólogo Emir Sader, defensor do “Fica Dilma e não ao golpe”. O professor, com mais de setenta anos de idade, falou sobre o mundo, as relações de poder, a mídia brasileira e o significado dos governos Lula e Dilma para a melhoria da vida do povo brasileiro. Também, comentou sobre algumas áreas em que o governo deve atuar como a regulação das comunicações, a reforma política e de Estado. Ali estavam professores e professoras, lideranças feministas, sindicalistas, estudantes, servidores públicos, entre outros, num sábado pela manhã, saboreando a experiência de um militante de esquerda que passou pela ditadura militar e pela redemocratização do Brasil. E, como brasileiro que é, não desisti nunca.
Nos dois eventos foi pedido um minuto de silêncio pelos dois militantes do MST mortos pela política do Paraná, na luta pelo direito a terra e a vida.
Na minha visão, o que une os dois eventos é a vontade das pessoas de fazer do mundo um lugar com mais justiça, igualdade e promoção do ser humano. Em nenhum dos eventos, eu ouvi ou vi, o incitamento ao ódio ou discursos de raiva. Pelo contrário, fui tomada pela emoção de saber que em cada canto do mundo, ainda existem pessoas, que com seu trabalho, sua fala ou qualquer pequena ação, prega o amor e a vida, seja no campo ou na cidade.




 

domingo, 3 de abril de 2016

Os vereadores, a violência contra a mulher e a política.



Além de tirar fotos com camisetas presenteadas pela Secretaria da Mulher, com os dizeres “Violência contra a mulher: sou contra”, os vereadores de Maringá tiveram contato em várias ocasiões com a temática em questão.
 Na gestão anterior da Câmara, o Forum Maringaense de Mulheres participou de sessões da Câmara para falar sobre a violência contra a mulher em duas ocasiões. Na primeira, o Forum foi convidado para fazer uso da tribuna, quando apresentou dados da violência e a situação da mulher vítima de violência em Maringá e  no Estado do Paraná.
Na segunda oportunidade, o Forum foi convidado para apresentar no "Fala Comunidade". Ressalta-se que permaneceram presentes durante todo o evento, os vereadores Humberto Henrique (PT), Mario Verri (PT), Carlos Maiucci (PT) e Ulisses Maia (PDT). Alguns vereadores passaram pelo local por alguns minutos e não permaneceram.
No episódio que envolveu o vereador Luizinho Gari, preso por denúncia pela Lei Maria da Penha, por ameaças a sua ex-esposa, os vereadores da Câmara Municipal tiveram a oportunidade de colocar na prática tudo que ouviram, principalmente no convite para usar a tribuna pelo Forum, quando todos estavam presentes. Falta de informação certamente não foi. Poderiam os 9 vereadores que votaram contra a comissão de ética para o vereador agressor terem considerado todas as discussões travadas nos eventos citados em que a violência contra a mulher foi realizada, inclusive com propostas do Forum Maringaense de Mulheres para a cidade de Maringá.
Então, se não foi falta de informação, certamente o componente “política” direcionou a votação desses 9 vereadores que compõem a base do prefeito, da qual o vereador agressor preso faz parte. Os vereadores ignoraram o pacto realizado em todo o Brasil pelo fim da violência contra a mulher, ignoraram as próprias discussões travadas na casa de leis e, acima de tudo, ignoraram a reivindicação das mulheres para dar um basta na violência contra a mulher. 
Postura diferente tiveram os 4 vereadores que votaram a favor da instauração da comissão de ética, Humberto Henrique (PT), Mario Verri (PT), Flavio Vicente (Rede) e Ulisses Maia (PDT) que compreenderam a grave situação que é a violência contra a mulher diante da qual  a sociedade não pode ficar calada.
Lamentável a postura desses outros 9 vereadores que tiveram a grande oportunidade de contribuir para o fim da violência contra a mulher mas, ao invés disso, “passaram a mão da cabeça do agressor” como se o que ele fez não fosse crime, mesmo estando previsto na Lei Maria da Penha, que completa 10 anos de uso, em agosto de 2016.
Tirar foto com camiseta é fácil, ser contra a violência contra a mulher de verdade, é outra história.