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sexta-feira, 18 de março de 2016

Dilma e o machismo brasileiro


Desde que assumiu a presidência em seu primeiro mandato, a Presidenta Dilma tem sido alvo de impropérios, piadas de cunho sexista e xingamentos. Inclusive nas eleições buscaram desqualifica-la por ter lutado contra a ditadura militar no Brasil. Para destacar, presidentes anteriores também lutaram contra a ditadura e ninguém comentou. A última foi o máximo, ao nomear o ex-presidente Lula como Ministro da Casa Civil, colocam que ele está no terceiro mandato, que será presidente de fato e que ela não presidirá.

Ao estudar sobre a história das mulheres, encontrei uma Carta a Mulher de Bertha Lutz, feminista, bióloga, fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), em 1919 e deputada federal em 1934.

Na referida carta, Bertha Lutz dizia: “Sem dúvidas, a maior parte da responsabilidade deste estado lastimável cabe aos homens, em cujas mãos, a legislação, a política e todas as instituiçoes públicas repousam”

Se pensarmos no Brasil, a frase continua atual pois somos menos de 10% de mulheres na política, com mínima representatividade nas câmaras municipais, nas assemléias estaduais, na Câmara do Deputados e no Senado.

E quando temos uma mulher, fazemos coro aos machistas de plantão e disseminamos as piadas sexistas, xingamentos etc. Em total desrespeito a uma senhora que foi eleita democraticamente no país. Ao invés de ser motivo de orgulho para as mulheres, a eleição de uma presidenta cria, em alguns setores da sociedade, um rancor e um ódio incontroláveis.

Talvez devesse ter um estudo psicológico a respeito. Será que algumas mulheres não confiam em outra mulher? Será que algumas mulheres seguem cegamente a opinião dos homens sem questionar? Será que não confiam em uma mulher em postos de decisão por que se sentem inseguras em assumir uma tarefa desse porte? Será...

Não temos resposta, mas o que é certo e existe é que quando uma mulher entra na política, sofre pressões de todos os lados, de forma diferenciada dos homens.

Mas, quando uma mulher entra na política, as políticas sociais e programas de atendimento às mulheres são reforçados. E a política muda, mas pra isso temos que ter o equilíbrio na política, 50% de representação de mulheres e homens, para alcançar toda a sociedade.

 

 

sexta-feira, 11 de março de 2016

Evento apresenta propostas para aplicação da Lei Maria da Penha



O evento IX Café, Mulheres e Política, realizado pela ong Maria do Ingá-Direitos da Mulher, contou com a presença, de aproximadamente, 200 mulheres. 

Durante o debate surgiram foram discutidos os problemas na aplicação efetiva da Lei Maria da Penha e  propostas para melhorar os serviços e a rede de atendimento às mulheres vítimas de violências. Essas propostas serão encaminhadas aos órgãos competentes conforme indicação do IX Café.
Dentre as propostas tem-se:
Funcionamento da Delegacia da Mulher e do IML, 24 horas, também nos finais de semana.
Ampliação da equipe da Delegacia da Mulher, com psicóloga e assistente social e delegada exclusiva.
Capacitação de policiais (PMs, polícia civil e Guarda Municipal) para o atendimento às mulheres vítimas de violência.
Divulgação ampla dos serviços da rede de atendimento às mulheres vítimas de violência com telefones e endereços, com colocação de cartaz nos ônibus, igrejas, escolas e locais de ampla acesso a população.
Ampliação do  orçamento dos órgãos de atendimento às mulheres
Ampliação da equipe da Vara de violência doméstica e da família com a criação da Vara exclusiva da Mulher, conforme sugerido na Lei Maria da Penha.
Introdução  nas escolas de 1 e 2. Graus e nas universidades o tema combate à violência contra a mulher, na recepção aos alunos e alunas.

 As debatedoras foram:
Celia Regina Cortelete – psicóloga da Prefeitura de Maringá cedida a Delegacia da Mulher.
Anália Nasser – Secretária Municipal da Mulher de Maringá
Professora Aracy Adorno Reis – Presidente do Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques
Advogada Angela Maria dos Santos Felipe  - ong Maria do Ingá- Direitos da Mulher
Professora Doutora Isadora Vier – Depto de Direito - UEM
Dra. Monica MÔNICA FLEITH, Juíza de Direito da 5ª Vara Criminal - Violência Doméstica Contra a Mulher da Comarca  da Região Metropolitana de Maringá
 Mediadora: Prof. Dra Tania Tait – Coordenadora da ong Maria do Ingá – Direitos da Mulher.
Estiveram presentes: representantes de entidades sindicais parceiras do evento (Sinteemar, Sindaen, Steem, Sismmar, App Sindicado),  representantes da sociedade civil (Associação União e Consciência Negra, Forum Maringaense de Mulheres e grupo de estudantes feministas), acadêmicos e professores da UEM, Unifamma, Uningá, PUC e Cesumar,  o Vereador Humberto Henrique,  Assessoria do Deputado Federal Enio Verri e do Deputado Estadual Tadeu Veneri e a comunidade em geral.



quarta-feira, 9 de março de 2016

Eu estive na Câmara de Maringá...a verdade dos fatos!

Eu ia ficar quietinha no meu cantinho, mas não tem como. Estive na Câmara Municipal de Maringá ontem para acompanhar a homenagem às mulheres realizadas pelos vereadores e prestigiar a Zica Franco, nossa companheira no movimento de mulheres e, também a Iraides Baptistoni e a Ana Lúcia Rodrigues e demais mulheres. Quando chamaram a professora aposentada, Zica Franco, houve vaias de um povo "bem educado" que estava lá. Detalhe: todos sabem que a Zica é petista de longa data e usa uma estrelinha do PT no peito desde sempre. O pessoal que conhece bem a Zica, aplaudiu sob as palavras "Partido das Trabalhadoras". E tudo voltou ao normal. Quando foi chamada a também professora aposentada, a quem respeito muito e tive o prazer de ser aluna, todos aplaudiram. No momento em que a comentarista, falou que era a mãe do juiz Sergio Moro, a plenária começou a clamar "Lula Guerreiro do Povo Brasileiro". E o tal povo "educado" vaiou. O presidente da sessão pediu silêncio e disse que ali não era lugar pois se tratava de homenagem as mulheres. Tudo voltou ao normal novamente. Quando li os jornais hoje estava estampado "Manifestantes do PT interrompem homenagem a mãe de Sergio Moro". Distorceram os fatos. Espera aí! e a professora Zica, que luta faz mais de trinta anos pelos direitos das mulheres e da classe trabalhadora que foi vaiada ferozmente por ser petista assumida, a imprensa não noticia. Claramente se vê por parte dos meios de comunicação o incitamento de ódio aos petistas, distorcem os fatos, nos chamando de arruaceiros e baderneiros enquanto que os que vaiaram a professora petista Zica são o que?
Pra mim, era um momento de celebração e se consideram que foi errado as manifestações para uma senhora de 70 anos, deviam considerar da mesma forma que foi desrespeitoso para uma senhora de 60 anos,  também professora aposentada. 
A imprensa, mais uma vez, faz o que bem entende em nome do ibope. Parece até o editor do filme O Homem Aranha que manda seus repórteres procurarem provas de que o Homem Aranha era bandido.
Valeu a homenagem as 15 senhoras que representam vários setores e atividades da cidade de Maringá, merecedores do Mérito Comunitário.

terça-feira, 8 de março de 2016

Integrante da ong Maria do Ingá-Direitos da Mulher recebe Menção de Mérito Comunitário

A integrante da ong Maria do Ingá-Direitos da Mulher, Maria da Conceição Franco (Zica Franco) será homenageada com Menção de Mérito Comunitário, pelo Dia Internacional da Mulher, na Câmara de Vereadores de Maringá, por proposição do Vereador Humberto Henrique. Será dia 08/03, as 19 hs, na Câmara Municipal. A Zica, além de integrante da ong Maria do Ingá, participa do Grupo União e Consciência Negra e do Forum Maringaense de Mulheres. Faz parte da Diretoria do Sismmar (sindicato dos servidores municipais), onde ocupa o cargo de Secretária da Mulher. Foi Assessora da Mulher, na Gestão 2001-2004, do Prefeito José Cláudio, sendo a primeira mulher a chefiar um órgão específico de atendimento as mulheres no âmbito da Prefeitura de Maringá.
Parabéns Zica, a ong Maria do Ingá se sente honrada com a justa homenagem.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

IX Café, Mulheres e Política


A ong Maria do Ingá - Direitos das Mulheres, em parceira com entidades sindicais (Sinteemar, Sindaen, Sindaen, Steem e APP Sindicato) e com o Forum Maringaense de Mulheres, traz para o dia 10 de março,  as 19 hs, no Auditório do Sinteemar, o debate "10 Anos da Lei Maria da Penha: Avanços e Desafios".  As debatedoras são: Delegada da Mulher Emilene Locatelli, Secretaria da Mulher  Anália Nasser, Advogada da ong Maria do Ingá  Jacheline Batista, a presidente do Instituto de Mulheres Negras  Aracy Adorno Reis e a professora Isadora Vier da UEM.

O objetivo do evento é avaliar a implantação da Lei Maria da Penha e seu uso em seus 10 anos de promulgação, com participantes debatedores que atuam na aplicação da lei e/ou acompanhamento. 

A Lei Maria da Penha, promulgada em 2016, pela então Presidente Lula, retirou a violência doméstica do âmbito privado e a colocou como responsabilidade do setor público e da sociedade, punindo com mais rigor os agressores.
Entretanto, uma década depois, alguns empecilhos precisam ser resolvidos para aprimorar a aplicação da Lei. São eles: a carência de qualificação dos profissionais envolvidos (saúde, política, justiça) para lidar com as mulheres vítimas de violência; a não integração dos serviços estaduais e municipais de atendimento as mulheres (Delegacia da Mulher, Instituto Médico Legal – IML e os Centros de Referência de Atendimento à Mulher – CRAM); o baixo número de Delegacias da Mulher; a falta de infraestrutura para as poucas Delegacias da Mulher existentes; a inexistência de Varas Judiciais da Mulher na maioria das cidades e a frouxidão na aplicação da Lei.

O evento é aberto à comunidade e para acadêmicos e acadêmicas contará como atividade acadêmica complementar. A inscrição é gratuita.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Dois assuntos

Escrevi sobre dois assuntos nessa semana:
De bueiros entupidos a bueiros inteligentes, publicado em www.folhademaringa.com.br
Desafios para as mulheres em 2016, publicado em www.gazetadopovo.com.br

terça-feira, 24 de novembro de 2015

25 de novembro: pelo fim da violência contra a mulher

O dia 25 de novembro foi escolhido para ser o “Dia Internacional pela não violência contra a mulher”, no I Encontro Feminista da América Latina e do Caribe em 1981, em homenagem as irmãs Mirabel (brutalmente assassinadas, em 1960, na ditadura de Rafael Trujillo na República Dominicana).
De lá pra cá muita luta tem sido travada pelo fim da violência contra a mulher. O estabelecimento de políticas públicas, campanhas de conscientização, pacto pela não violência contra a mulher, criação de órgãos de atendimento às mulheres vítimas de violência e leis específicas fazem parte do conjunto de medidas pelo fim da violência.
No mês de março de 2015 foi promulgada a Lei do Feminicídio que pune com mais rigor os assassinos de mulheres por motivação de gênero. Além de aprimoramento das ações da Lei Maria da Penha com a criação de varas especiais da mulher em várias cidades.
Entretanto, mesmo com as mulheres tendo mais anos de estudos e avançarem no mercado de trabalho, a violência continua assombrando a vida das mulheres em todas as suas matizes, física, sexual, psicológica e  patrimonial, preconizadas na Lei Maria da Penha.
Dados do IBGE confirmam que as mulheres continuam recebendo salários menores do que os dos homens no exercício da mesma função, mostrando outra face da violência contra a mulher no mercado de trabalho, mesmo tendo sido promulgada uma lei que proíbe essa diferenciação.
Com relação à violência física e sexual contra a mulher, o quadro continua aterrador. Dados ainda colocam o Brasil como um dos países mais violentos e o Paraná em terceira posição. Em Maringá, de janeiro a outubro de 2015 foram registrados 1612 ocorrências de atos contra as mulheres, sendo que 111 casos foram de estupro (Dados fornecidos pela Delegacia da Mulher).  Regiões como a área central e ao redor da Universidade e das faculdades são as que detem índices elevados de assédio e estupro pelo grande fluxo de mulheres jovens.
Alguns acontecimentos durante o ano, também, nos levam a refletir sobre a postura machista reinante ainda em nosso país, que contribui para que a violência contra a mulher seja banalizada e não tratada com a seriedade que o tema exige. Vamos citar apenas alguns fatos: (1) o bombardeio da bancada conservadora do Congresso Nacional propondo que não se deva fornecer a pílula do dia seguinte nem atender as mulheres vitimas de estupro e nem realizar o aborto permitido por lei; (2) a discussão, completamente distorcida, da chamada “ideologia de gênero” patrocinada por setores das igrejas católicas e evangélicas, quando da elaboração e aprovação dos planos municipais da educação; (3) os comentários realizados por um deputado (o mesmo do projeto da proibição da pílula do dia seguinte) para sua colega de plenário do tipo: “só não te estupro por que você não merece”, como se isso fosse um benefício para a mulher,  mostrando claramente a postura machista e sem limites; (4) as imagens e frases totalmente desrespeitosas, com conotação sexual e claramente machistas com relação as nossas mulheres que atuam na política, em especial com a nossa Presidenta da República, Dilma Roussef; (5) a discussão do primeiro assédio sexual, que começou com comentários sexuais nas redes sociais sobre uma menina de 12 anos que faz parte de um programa de reality show de culinária, mostrando a dura realidade de nossas crianças e adolescentes que são frequentemente assediadas.
Por outro lado, inúmeras iniciativas são tomadas em vários cantos do país como forma de dar um basta contra a violência contra as mulheres. Mas, as campanhas de conscientização, as políticas públicas implementadas, as leis mais rigorosas e os órgãos de atendimentos às mulheres vítimas de violência devem atuar de forma, cada vez mais incisiva, para dar um basta definitivo na violência contra a mulher.
O “Dia 25 de novembro” nos faz refletir que a não violência contra a mulher continua sendo um grande desafio para a sociedade e para mulheres e homens que lutam por um mundo sem violência. O basta pelo fim da violência contra a mulher se deve dar, também no dia-a-dia, em todos dos dias.